São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 2002

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PLANO DIRETOR

Mais 11 parlamentares aderem ao movimento para pressionar a prefeita a barrar mudanças no zoneamento

Maioria dos vereadores pede veto a emendas

DA REPORTAGEM LOCAL

O movimento para pressionar a prefeita Marta Suplicy (PT) a vetar as mudanças no zoneamento da cidade, incluídas no Plano Diretor, ganhou ontem a adesão de mais onze vereadores.
No total, 27 dos 55 parlamentares -sendo sete do próprio PT- assinaram uma carta, enviada ontem à prefeita, pedindo os vetos. Carlos Apolinário (PGT) preferiu enviar outro texto à prefeita, com o mesmo teor. Desses 28 vereadores, 18 votaram a favor do plano.
As mudanças no plano surgiram como emendas ao texto do relator Nabil Bonduki (PT), aprovado na sexta-feira com os votos de 43 vereadores.
Na lista dos petistas que assinaram a carta, encabeçada pelo presidente da Câmara, José Eduardo Cardozo, foi acrescentado ontem o nome de Vicente Cândido. Carlos Neder, Beto Custódio, Lucila Pizani, Flávia Pereira e Carlos Giannazi (suspenso do partido) também endossam a nota. Todos votaram a favor do projeto.
"Resolvi assinar a carta para respaldar um possível veto da prefeita. Houve controvérsias na bancada sobre as mudanças, que não puderam ser analisadas em tempo hábil", disse Cândido.
As emendas mudaram o zoneamento de sete regiões de São Paulo, que passaram de zonas estritamente residenciais para zonas mistas, onde é possível instalar comércios e construir prédios.
Na carta, os vereadores alegam que alterações no zoneamento da cidade só podem ser discutidas e votadas na Câmara após a realização de audiências públicas. Segundo eles, esse tipo de mudança não foi discutida em nenhum dos debates sobre o projeto.
As divergências na bancada do PT sobre as mudanças do Plano Diretor tornaram-se mais evidentes com a divulgação de uma nota pelo líder do partido, João Antônio, afirmando que a bancada foi informada pelo líder do governo, Arselino Tatto (PT), e por Nabil Bonduki de todas as mudanças.
"No momento certo de registar a posição, durante a votação no plenário, ninguém se manifestou", disse Antônio. O vereador afirmou acreditar que os petistas que assinaram a carta têm motivações políticas para isso.
"Assinamos a carta com motivações pessoais e desejando o sucesso do governo, desde que sejam utilizados outros métodos para conseguir maioria na Câmara, como convencimento, debates e transparência", disse Neder.
Segundo os petistas contrários às mudanças, a bancada tomou conhecimento das emendas de madrugada e foi informada apenas que deveriam ser incluídas para que o plano fosse aprovado. Mas reafirmaram que não houve discussão sobre o conteúdo das alterações no zoneamento.
Bonduki, que já havia se pronunciado contra as mudanças, afirmou ontem que cabe à prefeita avaliar os pontos que eventualmente precisem ser corrigidos no projeto, mas que "não ficaria triste" se ela vetasse as emendas.
Na terça-feira, a prefeita afirmou que sua tendência era sancionar a proposta sem alterar o que foi aprovado pela Câmara.
(MELISSA DINIZ)


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