São Paulo, segunda-feira, 30 de agosto de 2004 |
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TRAGÉDIA EM GUARULHOS Prefeitura diz que move ação de demolição na Justiça, pois dono desobedeceu a ordem e tocou construção Ilegal, obra do prédio estava embargada
DA REPORTAGEM LOCAL Oficialmente, o prédio no qual ocorreram as seis mortes não passa de uma obra embargada, sem autorização para ser iniciada, sem atestado de conclusão e, é claro, sem nenhuma licença de funcionamento, segundo informações da Prefeitura de Guarulhos. "Embargamos a obra e multamos o proprietário, mas eles tocaram adiante. Aí entramos na Justiça com uma ação demolitória, mas ela ainda não foi julgada", afirmou ontem o secretário de Governo da cidade, Moacir de Souza. "Foi um evento totalmente clandestino", completou. O prédio ocupa o número 421 da avenida Paulo Faccini. O embargo teria ocorrido no final de 2001. Desde então, segundo moradores da região, o galpão ficou fechado. A festa de sábado teria sido a primeira realizada no local. E os organizadores já falavam em transformá-lo definitivamente em uma danceteria. "A armação de aço que encontramos tem menos de 6 milímetros. Imagine que em apartamentos residenciais o mínimo é de dez a 13 milímetros", disse o arquiteto Emílio Carlos Pelegrini Martim, 42, responsável pela seccional do Crea em Guarulhos, que vistoriou as instalações ontem à tarde. De acordo com Martim, o m2 da laje de apartamentos residenciais pesa cerca de 150 kg. Em locais onde ocorrerão eventos de grande porte, com música, o recomendado é cerca de 500 kg. A estrutura do mezanino, porém, era extremamente mais frágil, com um peso estimado de apenas 50 kg por m2 -o equivalente a lajes que não são feitas para suportar trânsito. "Não há acidente, há irresponsabilidade. E isso continuará enquanto não houver legislação e fiscalização que exijam análises periódicas das estruturas construídas nas cidades", disse Martim. O Crea vai apurar se há responsabilidade funcional pela construção e, conseqüentemente, pelo desabamento do mezanino. O Corpo de Bombeiros confirmou os dados da prefeitura sobre a irregularidade no prédio, pois a corporação tem de emitir um auto de vistoria para que seja expedido o alvará de funcionamento. "Nunca fomos chamados para fazer a vistoria de segurança. Não há nenhum auto dos bombeiros", afirmou o tenente-coronel Vanderlei de Mello, 55, comandante do 5º Grupamento, que atende Guarulhos e 15 cidades. (SÍLVIA CORRÊA e ALENCAR IZIDORO) Texto Anterior: Sete vítimas ainda correm risco, afirma médico Próximo Texto: Frases Índice |
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