São Paulo, domingo, 30 de agosto de 2009

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Rio disputa título de melhor destino gay

Cidade é uma das candidatas ao prêmio dado por canal da MTV americana e concorrerá com Barcelona e Montreal, entre outras

Concurso anima o setor de turismo; segundo sindicato a fatia GLS do mercado hoteleiro internacional do Rio chega a 10%

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DO RIO

Hedonismo, beleza natural, culto ao corpo, mas fundamentalmente o jeito amigável de ser, o "gay friendly" carioca, na opinião de quem entende do assunto, assegurou ao Rio, na semana passada, a classificação para disputar o título de Melhor Destino Gay Global 2009.
O concurso é promovido pelo Logo, canal da MTV americana voltado para o público GLBT. O Rio foi selecionado por jornalistas, editores e profissionais especializados em turismo para esse público, que também escolheu como competidores Barcelona, Buenos Aires, Londres, Montreal e Sydney.
A disputa animou a indústria do turismo. Pelos números da Embratur e da Associação Brasileira de Turismo para Gays, Lésbicas e Simpatizantes, no Rio, esse segmento representou 15% dos turistas internacionais que escolheram a cidade para passear em 2008. Foi responsável por 30% dos US$ 600 milhões que o município arrecadou com o turismo.
A votação para eleger o Rio como destino gay 2009 está em curso pelo site www. tripoutgaytravel.com/ awards. Serão computados os votos postados até o dia 28. O resultado será anunciado no dia 2 de novembro, na 10ª Conferência de Turismo Gay e Lésbico, em Boston (EUA).
Apesar da falta de estudos mais específicos, Alexandre Sampaio, presidente do SindRio, entidade que reúne hotéis, bares e restaurantes da cidade, estima em 10% a fatia GLS do mercado hoteleiro internacional do Rio -composta por cerca de 300 estabelecimentos, num total de 25 mil apartamentos. "Esse movimento "gay friendly" faz parte da cultura carioca, cresceu nos últimos dez anos e vamos trabalhar para ganhar essa disputa", diz Sampaio.
"No Rio, 60% dos colaboradores que trabalham na nossa rede hoteleira passaram por treinamento para incorporar a cultura e não tratar com preconceito, saber como se relacionar, profissionalmente, com esse público", afirma Philippe Godefoite, do Ceasar Park e presidente do Rio Convention Bureau, entidade privada que congrega empresários relacionados ao segmento de turismo.
A dez minutos de caminhada da rua Farme de Amoedo, em Ipanema, está o Copacabana Sul, dirigido há dez anos por Mônica Aguiar. Tem 88 apartamentos e uma frequência GLS variável. O que a gerente diz é o padrão de quem convive com o público e o analisa do lado de dentro do balcão: "Buscam qualidade, usam os serviços que o hotel oferece (o que significa gastar mais) e, na maioria das vezes, são mais discretos que os heteros. Além do que são lindíssimos, uma pena!", lamenta, com bom humor.
Puxando pela história, a vocação gay do Rio é bem mais antiga. Em 1757, Gomes Freire de Andrade, Conde de Bobadilha, recebeu esquadra francesa que desembarcava no Rio com um baile gay. Foi-lhe pedida festança para recepcionar os marinheiros, há dias no oceano. Nesta época, mulheres só saíam para a igreja. Restaram-lhe os gays, a quem vestiu com os trajes adequados.


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