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Mesmo após reforma, prédios históricos não atraem turistas
Só 40 visitantes por mês visitam a igreja do Bom Jesus e o Asilo dos Inválidos (RJ)
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Reformas recentes não foram suficientes para que dois
monumentos históricos dos séculos 18 e 19 no Rio de Janeiro
atraíssem mais do que 40 visitantes por mês.
A igreja do Bom Jesus da Coluna e o Asilo dos Inválidos da
Pátria estão localizados na antiga Ilha da Caqueira, que foi
aterrada para virar um dos trechos da Ilha do Fundão, onde
funciona o principal campus da
UFRJ (Universidade Federal
do Rio de Janeiro).
Tombada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional) em 1964,
a igreja, construída entre 1705
e 1710, foi reaberta no ano
passado depois de quatro anos
de reforma.
O prédio representa a arquitetura e a arte sacra do Brasil-Colônia. O local recebia frequentemente a visita da família
real portuguesa.
Dom João era um dos seus
maiores admiradores. Ele participava de eventos na ilha, especialmente a festa de são
Francisco de Assis, realizada
em outubro.
A igreja foi feita com blocos
de pedra que chegam a ter 80
centímetros de largura e uma
série de detalhes. O templo
possui também um altar de oito
metros de altura.
Restauro
Durante o processo de restauração, foram renovadas as
paredes, o piso, o telhado e toda
a instalação hidráulica e elétrica do imóvel, além de todos os
altares e imagens sacras.
Situada numa colina ao lado
da baía de Guanabara, a igreja
foi fundada por franciscanos,
mas depois a ilha foi comprada
pelo Império. Ao lado da igreja,
os franciscanos ergueram um
convento. Do antigo prédio, sobraram apenas as pedras da
fundação. Não se sabe o motivo
da sua demolição.
Em 1852, foram cedidos, por
decisão da princesa Isabel, a irmãs da congregação do Sagrado
Coração de Maria. No período
em que estiveram lá, as religiosas fundaram um estabelecimento de ensino.
Logo em seguida, após nove
delas morrerem de febre amarela, durante um dos surtos da
doença no Rio, a igreja passou
para os militares.
Mais próximo da baía de
Guanabara, uma outra construção chama a atenção. É o
Asilo dos Inválidos da Pátria,
que abrigou sobreviventes das
principais guerras travadas pelo Exército do Brasil.
Construído em 1868 para receber soldados que retornavam
doentes ou mutilados da Guerra do Paraguai (1864-1870), o
asilo também abrigou militares
que serviram na Guerra de Canudos (1896-1897/Bahia).
À brasileira
Os dois prédios são uma espécie de versão brasileira do
Hôtel des Invalides, de Paris,
criados para receber os combatentes franceses. O túmulo de
Napoleão Bonaparte está lá.
Em 1976, durante o regime
militar, o Asilo dos Inválidos
da Pátria foi fechado pelo presidente Ernesto Geisel, que
não se conformava com os
gastos com a instituição, que
tinha mais de cem servidores
na época.
Os dois prédios e a igreja ficam em uma região pacata do
Rio de Janeiro. Escondido, o sítio histórico recebe cerca de
dez visitantes por semana.
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