São Paulo, domingo, 30 de agosto de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mesmo após reforma, prédios históricos não atraem turistas

Só 40 visitantes por mês visitam a igreja do Bom Jesus e o Asilo dos Inválidos (RJ)

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Reformas recentes não foram suficientes para que dois monumentos históricos dos séculos 18 e 19 no Rio de Janeiro atraíssem mais do que 40 visitantes por mês.
A igreja do Bom Jesus da Coluna e o Asilo dos Inválidos da Pátria estão localizados na antiga Ilha da Caqueira, que foi aterrada para virar um dos trechos da Ilha do Fundão, onde funciona o principal campus da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Tombada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em 1964, a igreja, construída entre 1705 e 1710, foi reaberta no ano passado depois de quatro anos de reforma.
O prédio representa a arquitetura e a arte sacra do Brasil-Colônia. O local recebia frequentemente a visita da família real portuguesa.
Dom João era um dos seus maiores admiradores. Ele participava de eventos na ilha, especialmente a festa de são Francisco de Assis, realizada em outubro.
A igreja foi feita com blocos de pedra que chegam a ter 80 centímetros de largura e uma série de detalhes. O templo possui também um altar de oito metros de altura.

Restauro
Durante o processo de restauração, foram renovadas as paredes, o piso, o telhado e toda a instalação hidráulica e elétrica do imóvel, além de todos os altares e imagens sacras.
Situada numa colina ao lado da baía de Guanabara, a igreja foi fundada por franciscanos, mas depois a ilha foi comprada pelo Império. Ao lado da igreja, os franciscanos ergueram um convento. Do antigo prédio, sobraram apenas as pedras da fundação. Não se sabe o motivo da sua demolição.
Em 1852, foram cedidos, por decisão da princesa Isabel, a irmãs da congregação do Sagrado Coração de Maria. No período em que estiveram lá, as religiosas fundaram um estabelecimento de ensino.
Logo em seguida, após nove delas morrerem de febre amarela, durante um dos surtos da doença no Rio, a igreja passou para os militares.
Mais próximo da baía de Guanabara, uma outra construção chama a atenção. É o Asilo dos Inválidos da Pátria, que abrigou sobreviventes das principais guerras travadas pelo Exército do Brasil.
Construído em 1868 para receber soldados que retornavam doentes ou mutilados da Guerra do Paraguai (1864-1870), o asilo também abrigou militares que serviram na Guerra de Canudos (1896-1897/Bahia).

À brasileira
Os dois prédios são uma espécie de versão brasileira do Hôtel des Invalides, de Paris, criados para receber os combatentes franceses. O túmulo de Napoleão Bonaparte está lá. Em 1976, durante o regime militar, o Asilo dos Inválidos da Pátria foi fechado pelo presidente Ernesto Geisel, que não se conformava com os gastos com a instituição, que tinha mais de cem servidores na época.
Os dois prédios e a igreja ficam em uma região pacata do Rio de Janeiro. Escondido, o sítio histórico recebe cerca de dez visitantes por semana.


Texto Anterior: Rio disputa título de melhor destino gay
Próximo Texto: Gilberto Dimenstein: Democracia a distância
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.