São Paulo, domingo, 30 de setembro de 2001

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MORTE DO PREFEITO

"Moderados" e "radicais" visam influência na prefeitura

Alas do PT fazem disputa por poder em Campinas

MÁRIO TONOCCHI
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS

A morte do prefeito Antonio da Costa Santos, o Toninho, desencadeou uma disputa interna entre as duas alas de maior peso do PT de Campinas para definir qual comandará a gestão da cidade.
Toninho foi morto com um tiro no último dia 10, nas proximidades do Shopping Iguatemi, na Vila Brandina, periferia da cidade.
De um lado, a ala que apoiou Toninho desde as prévias anteriores às eleições de 2000, formada pela Democracia Socialista e por um grupo que se autodenomina ex-fóruns (dissidência da ala Fórum Socialista). Os ex-fóruns têm como principal expoente hoje o líder do governo na Câmara, vereador Sebastião Arcanjo.
Do outro lado, o Fórum Socialista, ala de esquerda radical do partido em Campinas, tenta ampliar seu poder na administração. É representado pelo deputado estadual Renato Simões.
Assistente social, a prefeita Izalene Tiene (PT), ligada ao Fórum Socialista, deve adotar em seu governo ações para a área social. Arquiteto, Toninho conduzia a gestão com base num perfil de planejamento para políticas urbanistas.
Mas Izalene disse defender a união das tendências do partido pela governabilidade e manutenção dos projetos de Toninho.
Na primeira reunião da prefeita com o secretariado, o titular da Habitação e presidente da Cohab (Companhia da Habitação) de Campinas, Ari Fernandes, chegou a propor que todos os secretários colocassem seus cargos à disposição. Izalene recusou a proposta.
Politicamente, as alas representam tendências divergentes no PT. Na ala de apoio a Toninho, há partidários mais moderados, que têm investido no bom relacionamento com classes empresariais.
O grupo alinha-se ao PT "light" do dirigente nacional do partido Luiz Inácio Lula da Silva, de José Genoino e do vencedor da presidência nacional do partido nas eleições deste ano, José Dirceu.
O Fórum Socialista, formado em Campinas na década de 80, com apoio das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), sempre criticou a falta de participação nas decisões da prefeitura.
Para o grupo, o PT deve voltar às raízes, com aplicação rígida dos preceitos que originaram o partido, em uma perspectiva combativa nos aspectos sociais e políticos.
A prefeita Izalene Tiene não quis comentar o assunto e informou, por meio da assessoria de imprensa da Prefeitura de Campinas, que o tema é "extremamente delicado" e que será tratado no momento oportuno.


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