|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MORTE DO PREFEITO
"Moderados" e "radicais" visam influência na prefeitura
Alas do PT fazem disputa por poder em Campinas
MÁRIO TONOCCHI
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS
A morte do prefeito Antonio da
Costa Santos, o Toninho, desencadeou uma disputa interna entre
as duas alas de maior peso do PT
de Campinas para definir qual comandará a gestão da cidade.
Toninho foi morto com um tiro
no último dia 10, nas proximidades do Shopping Iguatemi, na Vila Brandina, periferia da cidade.
De um lado, a ala que apoiou
Toninho desde as prévias anteriores às eleições de 2000, formada
pela Democracia Socialista e por
um grupo que se autodenomina
ex-fóruns (dissidência da ala Fórum Socialista). Os ex-fóruns têm
como principal expoente hoje o líder do governo na Câmara, vereador Sebastião Arcanjo.
Do outro lado, o Fórum Socialista, ala de esquerda radical do
partido em Campinas, tenta ampliar seu poder na administração.
É representado pelo deputado estadual Renato Simões.
Assistente social, a prefeita Izalene Tiene (PT), ligada ao Fórum
Socialista, deve adotar em seu governo ações para a área social. Arquiteto, Toninho conduzia a gestão com base num perfil de planejamento para políticas urbanistas.
Mas Izalene disse defender a
união das tendências do partido
pela governabilidade e manutenção dos projetos de Toninho.
Na primeira reunião da prefeita
com o secretariado, o titular da
Habitação e presidente da Cohab
(Companhia da Habitação) de
Campinas, Ari Fernandes, chegou
a propor que todos os secretários
colocassem seus cargos à disposição. Izalene recusou a proposta.
Politicamente, as alas representam tendências divergentes no
PT. Na ala de apoio a Toninho, há
partidários mais moderados, que
têm investido no bom relacionamento com classes empresariais.
O grupo alinha-se ao PT "light"
do dirigente nacional do partido
Luiz Inácio Lula da Silva, de José
Genoino e do vencedor da presidência nacional do partido nas
eleições deste ano, José Dirceu.
O Fórum Socialista, formado
em Campinas na década de 80,
com apoio das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), sempre criticou a falta de participação nas
decisões da prefeitura.
Para o grupo, o PT deve voltar
às raízes, com aplicação rígida dos
preceitos que originaram o partido, em uma perspectiva combativa nos aspectos sociais e políticos.
A prefeita Izalene Tiene não
quis comentar o assunto e informou, por meio da assessoria de
imprensa da Prefeitura de Campinas, que o tema é "extremamente
delicado" e que será tratado no
momento oportuno.
Texto Anterior: Militantes cobram realização de outras medidas Próximo Texto: Mortes Índice
|