|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Militantes cobram realização de outras medidas
DA SUCURSAL DO RIO
Militantes da área de direitos
humanos ouvidos pela Folha elogiaram a realização de uma campanha contra a tortura, mas cobraram outras medidas no combate ao problema.
"Qualquer medida é bem-vinda. Mas estamos preocupados
com a possibilidade de essa campanha ser só uma resposta formal
às pressões nacionais e internacionais geradas depois da visita de
Nigel Rodley, relator da ONU",
afirma o advogado James Cavallaro, coordenador do Centro de
Justiça Global.
Ele lembra que o relatório de
Rodley cobra a criação de organismos independentes para a investigação de casos de violência
policial. "E isso não aconteceu até
agora", disse.
A vice-presidente do Grupo
Tortura Nunca Mais, Cecília
Coimbra, disse que torce para a
campanha dar certo, mas está
"cética". "Espero que essa campanha não fique só no papel. O governo brasileiro não tem dados
sobre o número de pessoas torturadas e desaparecidas. É preciso
que essa campanha se volte para
os agentes do Estado", afirmou.
Para Cecília Coimbra, o governo deveria abrir os arquivos das
Forças Armadas. "A própria Folha mostrou que os serviços de informação do Exército continuam
funcionando, o que é um absurdo", afirmou.
O deputado federal Nilmário
Miranda (PT-MG), membro da
Comissão Permanente contra a
Tortura (criada pela Secretaria de
Direitos Humanos), disse que
considera a campanha "fundamental e histórica".
"Admitir a tortura é um fato
histórico. O caminho de combate
à tortura é um caminho difícil,
mas que não tem volta", afirmou.
Miranda defendeu a implementação de um projeto de prevenção
à tortura, fortalecendo as ouvidorias independentes, os serviços de
saúde e informações nas prisões e
delegacias e a obrigatoriedade de
que os depoimentos no Judiciário
sejam filmados ou gravados.
O coordenador da Comissão de
Direitos Humanos da Assembléia
Legislativa do Rio, André Luz,
disse que é importante falar publicamente da tortura, mas que só a
campanha não vai acabar com o
problema. "É preciso, por exemplo, dar proteção às pessoas que
resolverem denunciar casos de
tortura. Como alguém vai denunciar se não se sente protegido?"
Texto Anterior: Direitos humanos: Governo prepara campanha contra tortura Próximo Texto: Morte do prefeito: Alas do PT fazem disputa por poder em Campinas Índice
|