São Paulo, domingo, 30 de setembro de 2001

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SAÚDE

Mulher tem anticoncepcional sob medida

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Mulheres já podem ter um anticoncepcional sob medida e decidir se querem dar um basta na tensão pré-menstrual, nas cólicas, no inchaço e, se for o caso, na própria menstruação. Isso tudo graças aos novos métodos contraceptivos existentes no mercado.
A mais recente novidade dos anticoncepcionais é o Implanon, minicápsulas flexíveis (do tamanho de um palito de fósforo), que são colocadas na parte interna de um dos braços e duram três anos.
Elas liberam hormônio que inibe a ovulação e diminui ou suspende a menstruação. O implante custa R$ 430, mas, com a colocação, que só pode ser feita pelo ginecologista, sai por R$ 800.
O Implanon é o primeiro implante industrializado a ser vendido no Brasil. Há outros dois, a Elcometrina e o Gestrinona, inventados e vendidos pelo ginecologista Elsimar Coutinho. Além de contraceptivos, eles ajudam no tratamento da endometriose. Custam de R$ 700 a R$ 1.400 e duram de seis meses a um ano.
Segundo médicos ouvidos pela Folha, a principal queixa dos implantes diz respeito à irregularidade menstrual nos primeiros meses de uso. As mulheres ficam inseguras, sem saber se a falta de menstruação é motivada pelo remédio ou por uma gravidez.
Segundo Francisco Siervo Neto, diretor médico do laboratório Organon, fabricante do Implanon, cerca de 50% das mulheres param de menstruar. Outras 30% têm irregularidades no ciclo, com intervalos maiores, enquanto 20% têm sangramento normal.
Siervo Neto diz que um estudo com 75 mil mulheres mostrou que nenhuma engravidou durante o uso do contraceptivo. Além disso, o implante se revelou eficaz no combate às cólicas e à TPM (tensão pré-menstrual).
Segundo o ginecologista Paulo David, 44, 10% das mulheres que usam implante não suportam a "pressão" da menstruação irregular e pedem para retirá-lo. Ele tem dez pacientes com implantes e diz que todas estão satisfeitas.
A executiva de contas Patrícia Vasconcellos, 30, usou o implante fabricado por Eusimar Coutinho durante três anos e diz que conseguiu se livrar da "depressão, dores de cabeça e cólicas horríveis".
Há um mês, ela resolveu testar o Implanon, porque o implante antigo começou a provocar espinhas nos ombros.
Foi justamente por causa das espinhas e da oleosidade excessiva que a fisioterapeuta Daniele Delboni, 28, decidiu tirar o implante Gestrinona cinco meses depois de colocá-lo. Ela afirma que, antes do implante, testou várias pílulas e todas causaram fortes efeitos colaterais, especialmente depressão.
"Nos primeiros três meses foi uma maravilha. Mas, depois, voltei a ficar deprimida, cheia de espinhas e com o cabelo caindo." Segundo o ginecologista Malcolm Montgomery, 30% das mulheres que usam o Gestrinona apresentam oleosidade nos primeiros três meses, mas só 5% se queixam de espinhas. Ele afirma que mais de 10 mil mulheres já utilizam implantes no Brasil.

Outros métodos
O DIU Mirena, da Schering, é outro novo método contraceptivo recomendado pelos médicos. O dispositivo contém hormônio que, liberado em pequenas doses apenas no útero, também suspende a menstruação em 30% das usuárias após dois anos.
O DIU tradicional, de cobre, na maioria das vezes aumenta o sangramento, além de provocar cólicas. Custa de R$ 700 a R$ 800 e vale por cinco anos.
Para quem prefere a pílula, mas sofre de gastrite, tonturas ou enjôos, existe um comprimido vaginal, fabricado pela Biolab Sanus. A vantagem é que a droga não circula pelo estômago e fígado. Chamada Lovelle, a pílula não pode ser usada quando a mulher está com infecção vaginal.
Para quem costuma se esquecer de tomar a pílula e não tem medo de picada no braço, uma opção é a injeção anticoncepcional, que libera lentamente, durante o mês, os mesmos hormônios existentes nas pílulas. Pode ter durabilidade de um ou três meses e custa em média R$ 15,00.
No início deste ano, foi lançada a pílula sem estrogênio, Cerazette, que pode ser usada na amamentação, com índice de falha igual ao das pílulas combinadas.
Mas nenhum desses métodos dispensa o uso de preservativos, para a prevenção de DSTs e Aids.


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