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ADMINISTRAÇÃO
Servidor seria coagido a falsificar contracheque
Ouvidoria de SP procura 5 suspeitos de fraudar empréstimo bancário
DO "AGORA"
A Ouvidoria do município de
São Paulo investiga seis falsos corretores acusados de coagir servidores a falsificar contracheques
para obter empréstimos dos bancos conveniados à prefeitura. Pelo
menos um deles já foi localizado
em casa e deve prestar depoimento nos próximos dias.
Ontem, o delegado da Ouvidoria Luiz Antônio Rezende Rebello
da Silva passou o dia ouvindo
funcionários que tiveram contracheques adulterados. Rebello estuda o envolvimento direto de
funcionários públicos na fraude.
"Pelo menos 45% dos servidores que prestaram depoimento
sabiam que seu limite de crédito
já havia sido atingido e que seria
impossível ter aprovação dos
bancos para a operação. Mesmo
assim, tentaram conseguir o dinheiro", afirma Rebello.
Em dez dias de apuração, a Ouvidoria já tomou depoimento de
24 servidores. Nos contracheques
analisados, os funcionários chegaram a triplicar os salários e a desaparecer com os descontos para
simular uma capacidade de endividamento que não tinham para
conseguir a liberação de crédito.
Dos empréstimos cedidos, porém, alguns servidores ficariam
com apenas 50% do valor. O restante iria para as mãos de falsos
corretores bancários. Eles serviam de intermediários na obtenção do crédito e responsáveis pela
falsificação dos documentos. O
caso mais grave é o do servidor A.,
que afirma ter sido ameaçado de
morte quando descobriu que estava sendo envolvido em um golpe e quis desistir do negócio.
Os golpes começaram em julho,
mas só foram detectados no final
de agosto, quando as primeiras
parcelas dos empréstimos deveriam ter sido descontadas.
O abatimento não chegou a ser
feito pela Secretaria de Gestão Pública, pois as parcelas elevariam
os descontos a mais de 70% dos
salários dos servidores em questão, o que não é permitido pelo
decreto 42.210, de 2002 -o mesmo que diz que a prefeitura não é
co-responsável por dívidas feitas
pelos servidores. Sem receber, os
bancos deram o alarme.
O delegado pretende identificar
até que ponto a máquina pública
está envolvida nesse caso. Ele avalia três hipóteses. Em duas delas,
funcionários da Prodam -companhia de processamento de dados do município- poderiam estar envolvidos, falsificando dados
dos contracheques por meio da
mudança de informações da fita
de impressão -que carrega os
dados a serem impressos nos holerites- ou usando as segundas
vias dos documentos.
A terceira hipótese -defendida
pelo ouvidor Elci Pimenta Freire- é que os servidores (ou os
falsos corretores) tenham feito alterações manuais nos contracheques. As investigações devem
continuar nesta semana.
Ontem foi fechada a folha de pagamento da prefeitura -portanto os bancos poderão começar a
fazer as contas de seu prejuízo.
Câmara
O vereador Gilberto Natalini
(PSDB) deve propor a abertura de
uma CPI para investigar o caso.
O presidente do Sindicato dos
Servidores Públicos do Município, Leandro Oliveira, diz que a
entidade vai orientar os filiados a
não entregarem contracheques
para estranhos. A partir de hoje
-data da liberação da folha de
pagamento-, bancos conveniados com a prefeitura devem avaliar o prejuízo e encontrar mais
detalhes da fraude.
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