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CARGA PESADA
Artefato estava equipado com 4 detonadores em veículo deixado próximo a delegacia de polícia de Taboão
Carro-bomba levava 12 kg de dinamite em SP
ANDRÉ CARAMANTE
DO "AGORA"
A alegria de ter o seu Apolo vinho, ano 1991, localizado pela polícia, na noite de anteontem, acabou se tornando um pesadelo para José Nascimento Teles, 30, auxiliar de contas a pagar do São
Paulo Futebol Clube.
Motivo: o carro, roubado no dia
23 de agosto por três homens armados, na porta da casa de Teles,
no Jardim Helena, em Taboão da
Serra (Grande São Paulo), estava
com as duas portas "recheadas"
com 96 bananas de dinamite, totalizando 12 kg de explosivos.
O Apolo de Teles foi encontrado
abandonado por policiais na porta do prédio da Delegacia Seccional de Taboão, às 23h de anteontem. O veículo estava a pouco
mais de três metros de uma rua
que dá acesso à rodovia Régis Bittencourt (BR-116).
Ao consultarem as placas, os
policiais descobriram que o veículo era roubado e ligaram para
Teles, que foi à Seccional.
A polícia fez uma perícia preliminar e, como não encontrou nada, levou o veículo ao DP central
-o dono esteve junto durante todo o trajeto, de mais de 10 km.
Antes da perícia, porém, um policial desconfiou de um curto-circuito no painel do veículo -onde
haviam arrancado o toca-CDs-
e afastou os fios que produziam
uma pequena faísca.
Na manhã de ontem, com a perícia da Polícia Civil encerrada,
Teles foi para casa sem desconfiar
de nada. O carro foi levado por
um guincho. À tarde, ele resolveu
fazer uma limpeza no veículo,
pois sentia um forte mau cheiro,
mas, antes, chegou a dar uma volta de 1 km pelo Jardim Helena.
Ao retirar o tapete colocado na
parte da frente, do lado do passageiro, ele viu um fio que terminava dentro da forração da porta,
onde estava escondida parte da
dinamite. Teles chegou a cortar
um dos fios que interligavam os
explosivos.
Só depois do susto o auxiliar de
cobrança chamou a polícia, que
isolou a rua de sua casa, a Jiro Maruyama. Entre as 16h e as 18h50,
homens do Gate (Grupo de Ações
Táticas Especiais), da PM, trabalharam para remover os explosivos, que tinham capacidade para
implodir um prédio de quatro andares ou um quarteirão -em
2002, foram usados 250 kg de dinamite para implodir três pavilhões da Casa de Detenção, no Carandiru (zona norte).
Além das 96 dinamites, todas
elas sem numeração, foram
apreendidos 34 metros de fios e
quatro detonadores.
A Secretaria da Segurança Pública informou que os explosivos
não foram encontrados na primeira perícia realizada no Apolo
"porque a Polícia Civil não dispõe
de um departamento especializado em tapeçaria de carros".
Hipóteses
Para o delegado Etori André
Bonifácio, de Taboão da Serra,
uma das hipóteses para o carro-bomba é que criminosos pretendiam explodir a delegacia.
Outra linha aponta para a prisão, no início do mês, de dois homens ligados ao PCC (Primeiro
Comando da Capital). Hoje, eles
estão no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Itapecerica da
Serra, cidade vizinha a Taboão e
também localizada às margens da
Régis Bittencourt.
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