São Paulo, quinta-feira, 30 de setembro de 2004

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CARGA PESADA

Artefato estava equipado com 4 detonadores em veículo deixado próximo a delegacia de polícia de Taboão

Carro-bomba levava 12 kg de dinamite em SP

ANDRÉ CARAMANTE
DO "AGORA"

A alegria de ter o seu Apolo vinho, ano 1991, localizado pela polícia, na noite de anteontem, acabou se tornando um pesadelo para José Nascimento Teles, 30, auxiliar de contas a pagar do São Paulo Futebol Clube.
Motivo: o carro, roubado no dia 23 de agosto por três homens armados, na porta da casa de Teles, no Jardim Helena, em Taboão da Serra (Grande São Paulo), estava com as duas portas "recheadas" com 96 bananas de dinamite, totalizando 12 kg de explosivos.
O Apolo de Teles foi encontrado abandonado por policiais na porta do prédio da Delegacia Seccional de Taboão, às 23h de anteontem. O veículo estava a pouco mais de três metros de uma rua que dá acesso à rodovia Régis Bittencourt (BR-116).
Ao consultarem as placas, os policiais descobriram que o veículo era roubado e ligaram para Teles, que foi à Seccional.
A polícia fez uma perícia preliminar e, como não encontrou nada, levou o veículo ao DP central -o dono esteve junto durante todo o trajeto, de mais de 10 km.
Antes da perícia, porém, um policial desconfiou de um curto-circuito no painel do veículo -onde haviam arrancado o toca-CDs- e afastou os fios que produziam uma pequena faísca.
Na manhã de ontem, com a perícia da Polícia Civil encerrada, Teles foi para casa sem desconfiar de nada. O carro foi levado por um guincho. À tarde, ele resolveu fazer uma limpeza no veículo, pois sentia um forte mau cheiro, mas, antes, chegou a dar uma volta de 1 km pelo Jardim Helena.
Ao retirar o tapete colocado na parte da frente, do lado do passageiro, ele viu um fio que terminava dentro da forração da porta, onde estava escondida parte da dinamite. Teles chegou a cortar um dos fios que interligavam os explosivos.
Só depois do susto o auxiliar de cobrança chamou a polícia, que isolou a rua de sua casa, a Jiro Maruyama. Entre as 16h e as 18h50, homens do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais), da PM, trabalharam para remover os explosivos, que tinham capacidade para implodir um prédio de quatro andares ou um quarteirão -em 2002, foram usados 250 kg de dinamite para implodir três pavilhões da Casa de Detenção, no Carandiru (zona norte).
Além das 96 dinamites, todas elas sem numeração, foram apreendidos 34 metros de fios e quatro detonadores.
A Secretaria da Segurança Pública informou que os explosivos não foram encontrados na primeira perícia realizada no Apolo "porque a Polícia Civil não dispõe de um departamento especializado em tapeçaria de carros".

Hipóteses
Para o delegado Etori André Bonifácio, de Taboão da Serra, uma das hipóteses para o carro-bomba é que criminosos pretendiam explodir a delegacia.
Outra linha aponta para a prisão, no início do mês, de dois homens ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital). Hoje, eles estão no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Itapecerica da Serra, cidade vizinha a Taboão e também localizada às margens da Régis Bittencourt.


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