São Paulo, quinta-feira, 30 de setembro de 2004

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ROUBO À LUZ DO DIA

Local onde ocorreu arrastão amanheceu cercado de policiais; 16 menores foram detidos e soltos em seguida

Rio reforça segurança na orla do Leblon

MICHEL ALECRIM
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O policiamento na orla do Leblon e de Ipanema, zona sul do Rio, foi reforçado ontem, um dia após a exibição de imagens de um arrastão na praia do Leblon. A polícia deteve 16 adolescentes durante a madrugada, mas nenhum foi mantido preso por não ter sido encontrada ligação deles com o ataque de anteontem.
Segundo testemunhas, o grupo que assaltou banhistas seria do Jacarezinho, zona norte da cidade.
Quatro turistas, um inglês, duas argentinas e um uruguaio, cujas identidades não foram reveladas, foram os únicos a registrar queixas de roubo durante o arrastão. O inglês perdeu cartão de crédito, câmera e dinheiro. No depoimento, disse que a Polícia Militar apareceu, mas não achou nada roubado com adolescentes na área.
O local onde houve o arrastão amanheceu cercado por policiais. O comandante do 23º BPM (Leblon), tenente-coronel Jorge Braga, instalou comando móvel no Jardim de Alah, a poucos metros do lugar. Policiais percorreram as areias das praias e a avenida Delfim Moreira (orla do Leblon).
A polícia chegou a destacar quatro policiais para acompanhar cerca de cem turistas estrangeiros que chegaram juntos à praia.
Para o barraqueiro Waldir Marques, 54, que há mais de 20 anos trabalha em frente à avenida Afrânio de Mello Franco, cenas como as exibidas pela Rede Globo são comuns. Ele contou que viu anteontem à tarde, por volta das 15h30, o grupo atacando os banhistas. "A polícia chegou, mas não pôde fazer nada."
O procurador Maurício Andreiuoulo, do Ministério Público Federal, disse que vai intimar a governadora Rosinha Matheus, o secretário de Segurança, Anthony Garotinho, e o prefeito Cesar Maia a depor. Ele afirma que investigará a responsabilidade civil da omissão das autoridades "na proteção do patrimônio cultural imaterial, ou seja, da imagem da cidade do Rio de Janeiro".
O comandante-geral da Polícia Militar do Rio, coronel Hudson Aguiar, disse ontem que o Leblon é muito bem policiado e lançou a suspeita de que a filmagem das cenas tenha objetivos políticos.
"Acho muito estranho que esses fatos apareçam às vésperas das eleições", afirmou à rádio CBN.
O comandante do 23º BPM (Leblon), tenente-coronel Jorge Braga, atribuiu esse tipo de assalto a problemas sociais. "Recolhemos em média 20 menores por dia das ruas. A maioria é dependente de cocaína, solvente ou cola."
O secretário de Segurança Pública em exercício, Marcelo Itagiba, também cobrou medidas de caráter social para a redução da criminalidade. "A polícia do Rio tem combatido com eficiência a criminalidade, mas a diminuição da violência, tanto no Estado como em todo o país, depende também da participação efetiva de todos os órgãos municipais, estaduais e federais que têm responsabilidade por diversas áreas, sobretudo sociais", disse Itagiba.
O secretário em exercício -Anthony Garotinho, o titular, se licenciou para participar da campanha do PMDB para as eleições municipais - disse também que a Guarda Municipal não tem recolhido os menores das ruas.
O prefeito Cesar Maia, candidato à reeleição, disse que o problema é a falta de policiamento e que os casos de menores infratores são responsabilidade da polícia.
O porta-voz da Presidência, André Singer, disse ontem que o governo federal está à disposição do Rio de Janeiro para ajudar a reduzir os arrastões.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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