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ROUBO À LUZ DO DIA
Local onde ocorreu arrastão amanheceu cercado de policiais; 16 menores foram detidos e soltos em seguida
Rio reforça segurança na orla do Leblon
MICHEL ALECRIM
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O policiamento na orla do Leblon e de Ipanema, zona sul do
Rio, foi reforçado ontem, um dia
após a exibição de imagens de um
arrastão na praia do Leblon. A polícia deteve 16 adolescentes durante a madrugada, mas nenhum
foi mantido preso por não ter sido
encontrada ligação deles com o
ataque de anteontem.
Segundo testemunhas, o grupo
que assaltou banhistas seria do Jacarezinho, zona norte da cidade.
Quatro turistas, um inglês, duas
argentinas e um uruguaio, cujas
identidades não foram reveladas,
foram os únicos a registrar queixas de roubo durante o arrastão.
O inglês perdeu cartão de crédito,
câmera e dinheiro. No depoimento, disse que a Polícia Militar apareceu, mas não achou nada roubado com adolescentes na área.
O local onde houve o arrastão
amanheceu cercado por policiais.
O comandante do 23º BPM (Leblon), tenente-coronel Jorge Braga, instalou comando móvel no
Jardim de Alah, a poucos metros
do lugar. Policiais percorreram as
areias das praias e a avenida Delfim Moreira (orla do Leblon).
A polícia chegou a destacar quatro policiais para acompanhar
cerca de cem turistas estrangeiros
que chegaram juntos à praia.
Para o barraqueiro Waldir Marques, 54, que há mais de 20 anos
trabalha em frente à avenida Afrânio de Mello Franco, cenas como
as exibidas pela Rede Globo são
comuns. Ele contou que viu anteontem à tarde, por volta das
15h30, o grupo atacando os banhistas. "A polícia chegou, mas
não pôde fazer nada."
O procurador Maurício Andreiuoulo, do Ministério Público
Federal, disse que vai intimar a
governadora Rosinha Matheus, o
secretário de Segurança, Anthony
Garotinho, e o prefeito Cesar
Maia a depor. Ele afirma que investigará a responsabilidade civil
da omissão das autoridades "na
proteção do patrimônio cultural
imaterial, ou seja, da imagem da
cidade do Rio de Janeiro".
O comandante-geral da Polícia
Militar do Rio, coronel Hudson
Aguiar, disse ontem que o Leblon
é muito bem policiado e lançou a
suspeita de que a filmagem das
cenas tenha objetivos políticos.
"Acho muito estranho que esses
fatos apareçam às vésperas das
eleições", afirmou à rádio CBN.
O comandante do 23º BPM (Leblon), tenente-coronel Jorge Braga, atribuiu esse tipo de assalto a
problemas sociais. "Recolhemos
em média 20 menores por dia das
ruas. A maioria é dependente de
cocaína, solvente ou cola."
O secretário de Segurança Pública em exercício, Marcelo Itagiba, também cobrou medidas de
caráter social para a redução da
criminalidade. "A polícia do Rio
tem combatido com eficiência a
criminalidade, mas a diminuição
da violência, tanto no Estado como em todo o país, depende também da participação efetiva de todos os órgãos municipais, estaduais e federais que têm responsabilidade por diversas áreas, sobretudo sociais", disse Itagiba.
O secretário em exercício -Anthony Garotinho, o titular, se licenciou para participar da campanha do PMDB para as eleições
municipais - disse também que
a Guarda Municipal não tem recolhido os menores das ruas.
O prefeito Cesar Maia, candidato à reeleição, disse que o problema é a falta de policiamento e que
os casos de menores infratores
são responsabilidade da polícia.
O porta-voz da Presidência, André Singer, disse ontem que o governo federal está à disposição do
Rio de Janeiro para ajudar a reduzir os arrastões.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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