São Paulo, terça-feira, 30 de setembro de 2008

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Punição após agressão a aluno opõe mãe de vítima e direção do Rio Branco

FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

Pedro (nome fictício), 11, levou mordida, socos e chutes de colegas da mesma idade em uma tradicional escola de São Paulo. A mãe pede punição rigorosa aos agressores, inclusive com expulsões, para garantir a segurança de seu filho. O colégio afirma que deve priorizar orientações pedagógicas aos alunos.
A controvérsia ocorre no colégio Rio Branco, em Higienópolis (centro), com 62 anos de existência e 1.700 alunos.
Em denúncia à Diretoria Regional de Ensino (órgão ao qual as escolas privadas são subordinadas), a mãe relata que seu filho levou uma mordida, em 26 de agosto, ao dar uma "gravata" em um menino que iria agredir um amigo.
O braço de Pedro, diz ela, sangrou. E partir dali, o menino passou a ser perseguido pelo agressor e seus colegas.
No último dia 9 ele foi atingido com socos e pontapés na saída do colégio. No dia seguinte, segundo a denúncia, fugiu de outra agressão.
"Pago R$ 1.000 de mensalidade para, entre outras coisas, ter segurança. Mas não estou recebendo isso", disse ela. "Esses meninos já vêm de problemas parecidos, deveriam ser expulsos."
Ela afirma que tentou fazer boletim de ocorrência, mas não conseguiu devido à greve dos policiais. E que só não mudou seu filho de escola porque a transferência neste momento do ano seria difícil.
A diretora-geral da escola, Esther de Almeida Pimentel Mendes Carvalho, diz que foram tomadas medidas disciplinares rígidas, mas que o essencial são as educacionais.
Ela afirma que, após a última agressão, os estudantes acusados ficaram oito dias "fazendo atividades para refletir sobre convivência e participação em grupo". Também foram chamados os pais e foram avisados de que não haverá mais tolerância.
A diretora lembra que Pedro já recebeu advertência por indisciplina. "Se usássemos o critério exigido pela mãe, o filho dela seria expulso. Mas não é o caminho. Priorizamos a educação." Sobre segurança, Carvalho diz: "Se houvesse perigo, a família ainda deixaria ele aqui?".
A Diretoria Regional de Ensino, por meio da assessoria de imprensa, informou que ainda não finalizou o relatório sobre o caso.
"Situações assim estão aumentando, pois escolas e famílias às vezes deixam de lado o ensino de valores. Conta mais o ensino de português e matemática", diz a professora Silvia Colello, da Faculdade de Educação da USP.
"Nesse caso, a mãe está certa em exigir atitude da escola, pois seu filho foi agredido mais de uma vez. Mas a posição da diretora também é correta, pois não é apenas com punição que você ensina."


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