São Paulo, quarta-feira, 30 de setembro de 2009

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Fila na balsa de Santos leva 1 h e vai piorar

Placas vão alertar que espera por travessia até o Guarujá poderá ser de 2 h; problemas começaram em julho, após acidente destruir píer

Capacidade do serviço, o mais movimentado do país, foi reduzida em 60%; novo píer deve ficar pronto apenas depois de fevereiro de 2010

Adriano Vizoni/Folha Imagem
Fila de carros na travessia de balsa entre Santos e Guarujá; problemas começaram em julho

MÁRCIO PINHO
ENVIADO A SANTOS

Os motoristas que usam a balsa Santos/Guarujá, a mais movimentada do país (cerca de 24 mil veículos por dia), estão esperando até uma hora na fila para embarcar. A situação, segundo a própria Dersa (empresa estadual de transportes), deve piorar com a chegada da alta temporada, e a expectativa é que os usuários tenham de esperar até duas horas.
A estatal já prepara placas para alertar o motorista sobre a demora, que serão colocadas em caso de fila. A balsa, que custa R$ 7,90, é usada não só pelos turistas, mas por pessoas que moram em Santos e trabalham ou estudam no Guarujá (ou vice-versa).
Os problemas se arrastam desde o dia 23 de julho, quando um navio chinês que deixava o porto bateu e destruiu o atracadouro do Guarujá. A construção de um novo píer não estará concluída antes de fevereiro, o que tende a piorar a situação no verão. Próximo ao Ano Novo, por exemplo, o número de usuários é 30% maior.
Depois do acidente, a capacidade do serviço caiu 60%. Apenas um píer flutuante recebe balsas do lado do Guarujá. Diferentemente do atracadouro destruído, ele não permite embarque e desembarque de veículos de forma simultânea em diferentes balsas, o que torna o acesso mais demorado.
A Folha usou o serviço na tarde da última segunda-feira, com chuva, dia em que as filas costumam ser menores. A espera em Santos foi de 30 minutos; no Guarujá, de 45.
Diversos usuários se queixavam do serviço. "Já me estressei e me irritei muito com essa situação", disse o administrador de empresas Rogério Marques, que mora em Santos mas vai todos os dias ao Guarujá a trabalho. "Fico em média 45 minutos ou uma hora. Comecei a trazer um livro porque não estava aguentando", afirmou.
A professora Vera Mollo também afirma que agora aguarda, em média, uma hora para percorrer a fila no Guarujá. "É preciso pedir a Deus para isso andar."
Com a demora nas balsas, a rodovia Cônego Domênico Rangoni (Piaçaguera/Guarujá), que é uma alternativa para quem quer se deslocar entre as cidades, está mais movimentada. Em agosto deste ano, circularam 265.867 veículos -32% a mais que no mesmo período de 2008, de acordo com a Ecovias.
Segundo a concessionária, ainda não houve aumento no tempo de viagem -entre 30 e 40 minutos. Tempo muito maior do que o da balsa -a travessia dura cerca de dois minutos, sem contar, é claro, a fila.
Para minimizar os transtornos dos viajantes, a Dersa trabalha na construção de um píer adicional para atracar balsas do lado do Guarujá. A previsão, diz a estatal, é entregá-lo antes da temporada de verão -a reconstrução do ponto destruído terminará só após a estação.
Isso poderia reduzir em parte as filas e aumentar a capacidade do sistema para 70%.
A Dersa estimou o custo total das obras em R$ 30 milhões.
As causas do acidente envolvendo o navio de bandeira chinesa Zhen Hua 27 ainda são investigadas, segundo a Capitania dos Portos de São Paulo. Sabe-se, porém, que, em sua estada, o navio causou outro acidente, em 4 de maio, quando fortes ventos atingiram a região. A corda que o prendia se soltou e ele atingiu o navio Kyla, danificando-o.

Ponte
Em maio deste ano, o governo José Serra (PSDB) anunciou a construção de uma ponte ligando as duas cidades. O Estado antes cogitava construir um túnel submarino no local, mas a proposta foi descartada em razão do alto custo.
A empresa Vetec Engenharia venceu licitação para elaborar um projeto para a construção da ponte. A Secretaria dos Transportes afirmou que não há prazos previstos para o início ou conclusão das obras.


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