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Metrô melhora embarque no 2º dia, mas segue lotado
Empresa retirou bloqueios de acesso à plataforma na Sé e permitiu que mais passageiros entrassem em cada baia; tempo de espera caiu
Muitos usuários preferiram ir no contrafluxo e embarcar para a zona leste numa estação tranquila; "truque" lotou a Anhangabaú
LAURA CAPRIGLIONE
MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois do caos do primeiro
dia da operação Embarque Melhor (que tenta disciplinar o
acesso dos usuários do Metrô
aos trens), ontem, segundo dia,
a situação estava menos confusa. A empresa retirou os bloqueios de acesso à plataforma e
permitiu que mais passageiros
entrassem em cada baia (cercadinho para aguardar o embarque no trem).
Na estação Sé, cenário da
operação (ainda experimental),
o tempo de espera para o embarque no sentido Corinthians-Itaquera ficou menor
do que o registrado na véspera.
Dentro dos trens superlotados,
entretanto, o empurra-empurra foi o mesmo de sempre.
Por medo de que se repetisse
a confusão de anteontem, muitos usuários preferiram fazer o
chamado "embarque negativo"
-em vez de pegar o metrô para
Itaquera, pegaram no sentido
oposto, no contrafluxo. O objetivo: evitar a Sé, onde boa parte
dos passageiros que aguardam
embarque não conseguem entrar no trem que já chega superlotado. De estação mais
tranquila, aí sim, embarcariam
para a zona leste.
O casal de aposentados Rosa
Nunes, 76, e Renério Dias Santos, 78, fez isso. Ambos chegaram à Sé, recuaram para a Barra Funda e, de lá, trem vazio,
embarcaram para Itaquera.
O problema é que muita gente parece ter optado pelo mesmo truque -só que recuando
só uma estação, a Anhangabaú.
Por volta das 19h, essa estação
já estava tão superlotada que
teve de passar por "restrição de
acesso" -com o Metrô fechando parte das catracas.
"Essa operação Embarque
Melhor é a maior imbecilidade", protestou a manicure Sheila Santos de Novaes, 22. Diariamente, ela sai da Liberdade, onde trabalha, e pega a linha azul
para a Sé. Dirige-se para a linha
vermelha e embarca para Itaquera. Três quartos de todas as
pessoas que saem da Sé para
Itaquera provêm da linha azul.
"Até o início da operação, as
pessoas podiam escolher o trajeto mais rápido para atingir a
plataforma de embarque. Agora, são conduzidas como boi,
por um caminho muito mais
longo. A gente fica dando volta
pela estação", diz o eletricista
Manuel das Neves, 29.
A operação Embarque Melhor tem o objetivo de evitar o
empurra-empurra na hora do
embarque. No primeiro dia, a
Secretaria de Transportes Metropolitanos criou uma sucessão de barreiras, onde se confinavam os passageiros para restringir o acesso à plataforma.
Ontem, esses bloqueios deixaram de existir. Na segunda-feira, a operação obrigou a formação de uma fila única para
todos que queriam embarcar.
Ontem, foram instaladas três
opções de acesso, dividindo o
fluxo de passageiros.
Nas baias, último isolamento
antes do embarque, a secretaria
tentou no primeiro dia restringir a 30 pessoas em cada uma
-até colou adesivos no chão,
para indicar onde cada um deveria ficar. Ontem, a Folha
contou 63 pessoas em uma só
baia -110% a mais. Ninguém
prestava atenção nos adesivos.
Segundo o Metrô, entre
17h30 e 19h, horário da operação, embarcam 40 mil pessoas
no sentido Sé-Itaquera. A música entoada por funcionários
para orientar os passageiros
-"Vem por aqui, Itaquera é logo ali"- foi suspensa.
O secretário estadual de
Transportes Metropolitanos,
José Luiz Portella, admite que
a operação não evita que os
trens continuem superlotados,
mas melhora o acesso. Sobre as
alterações na operação, que devem continuar por 15 dias, ele
brincou: "Se eu acertasse no
primeiro dia, virava Deus".
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