São Paulo, quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Metrô melhora embarque no 2º dia, mas segue lotado

Empresa retirou bloqueios de acesso à plataforma na Sé e permitiu que mais passageiros entrassem em cada baia; tempo de espera caiu

Muitos usuários preferiram ir no contrafluxo e embarcar para a zona leste numa estação tranquila; "truque" lotou a Anhangabaú

LAURA CAPRIGLIONE
MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois do caos do primeiro dia da operação Embarque Melhor (que tenta disciplinar o acesso dos usuários do Metrô aos trens), ontem, segundo dia, a situação estava menos confusa. A empresa retirou os bloqueios de acesso à plataforma e permitiu que mais passageiros entrassem em cada baia (cercadinho para aguardar o embarque no trem).
Na estação Sé, cenário da operação (ainda experimental), o tempo de espera para o embarque no sentido Corinthians-Itaquera ficou menor do que o registrado na véspera. Dentro dos trens superlotados, entretanto, o empurra-empurra foi o mesmo de sempre.
Por medo de que se repetisse a confusão de anteontem, muitos usuários preferiram fazer o chamado "embarque negativo" -em vez de pegar o metrô para Itaquera, pegaram no sentido oposto, no contrafluxo. O objetivo: evitar a Sé, onde boa parte dos passageiros que aguardam embarque não conseguem entrar no trem que já chega superlotado. De estação mais tranquila, aí sim, embarcariam para a zona leste.
O casal de aposentados Rosa Nunes, 76, e Renério Dias Santos, 78, fez isso. Ambos chegaram à Sé, recuaram para a Barra Funda e, de lá, trem vazio, embarcaram para Itaquera.
O problema é que muita gente parece ter optado pelo mesmo truque -só que recuando só uma estação, a Anhangabaú. Por volta das 19h, essa estação já estava tão superlotada que teve de passar por "restrição de acesso" -com o Metrô fechando parte das catracas.
"Essa operação Embarque Melhor é a maior imbecilidade", protestou a manicure Sheila Santos de Novaes, 22. Diariamente, ela sai da Liberdade, onde trabalha, e pega a linha azul para a Sé. Dirige-se para a linha vermelha e embarca para Itaquera. Três quartos de todas as pessoas que saem da Sé para Itaquera provêm da linha azul.
"Até o início da operação, as pessoas podiam escolher o trajeto mais rápido para atingir a plataforma de embarque. Agora, são conduzidas como boi, por um caminho muito mais longo. A gente fica dando volta pela estação", diz o eletricista Manuel das Neves, 29.
A operação Embarque Melhor tem o objetivo de evitar o empurra-empurra na hora do embarque. No primeiro dia, a Secretaria de Transportes Metropolitanos criou uma sucessão de barreiras, onde se confinavam os passageiros para restringir o acesso à plataforma.
Ontem, esses bloqueios deixaram de existir. Na segunda-feira, a operação obrigou a formação de uma fila única para todos que queriam embarcar. Ontem, foram instaladas três opções de acesso, dividindo o fluxo de passageiros.
Nas baias, último isolamento antes do embarque, a secretaria tentou no primeiro dia restringir a 30 pessoas em cada uma -até colou adesivos no chão, para indicar onde cada um deveria ficar. Ontem, a Folha contou 63 pessoas em uma só baia -110% a mais. Ninguém prestava atenção nos adesivos.
Segundo o Metrô, entre 17h30 e 19h, horário da operação, embarcam 40 mil pessoas no sentido Sé-Itaquera. A música entoada por funcionários para orientar os passageiros -"Vem por aqui, Itaquera é logo ali"- foi suspensa.
O secretário estadual de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, admite que a operação não evita que os trens continuem superlotados, mas melhora o acesso. Sobre as alterações na operação, que devem continuar por 15 dias, ele brincou: "Se eu acertasse no primeiro dia, virava Deus".


Texto Anterior: Aluna da capital fará prova no litoral
Próximo Texto: Homem morre em enchente no RS ao tentar deixar casa a nado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.