ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Faz mais de 50 anos que no nº 30 da Caio Prado, no centro de SP, funciona o instituto criado por Shotaro Shimada, precursor da ioga no Brasil.
Filho de imigrantes japoneses nascido numa colônia em Bauru (SP), professor Shimada, como era conhecido, veio à capital após a morte do pai.
Por um tempo, trabalhou em uma tinturaria, para ajudar no sustento de casa.
Um dia, o dono do estabelecimento o apresentou a um professor de judô. Resultado: Shimada acabaria sendo tricampeão estadual no esporte.
Achava que sempre tinha algo a aprender. Num livro, descobriu a ioga, e passou a acrescentar ginástica respiratória nas aulas que dava.
A dedicação a estudar e desenvolver a técnica foi roubando todo seu tempo, e o judô foi deixado de lado. A convite da TV Tupi, começou a apresentar um quadro sobre ioga -o que fez por 15 anos. Passou ainda pelas TVs Bandeirantes e Gazeta.
"Ele virou uma celebridade", conta o jornalista Wagner Carelli, que lançou no ano passado um livro sobre Shimada. Foi contratado até para dar aulas ao então governador de SP, Adhemar de Barros.
"É preciso esclarecer: a ioga não elimina o fardo da vida cotidiana. O praticante continuará sendo o diretor de empresa, o operário, o estudante: a ioga elimina o peso de sê-lo", disse, em frase registrada pelo jornalista. Para o filho Mário, o pai deve ser lembrado por seu trabalho -deu aulas até a semana passada.
Morreu ontem, aos 80, de choque séptico e peritonite. Deixa viúva, dois filhos e três netos. O corpo sairá às 8h de hoje da Beneficência Portuguesa, onde foi velado, e segue para o cemitério da Paz, em SP, para ser enterrado.

coluna.obituario@uol.com.br


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