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Presos querem retomar controle de cozinha
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
Menos de 15 dias após perderem o direito de preparar a comida, os presos de Bangu 3 já reivindicam o controle da cozinha. Desde o último dia 15, quando houve
tentativa de fuga seguida de rebelião, a direção da unidade decidiu
que a alimentação dos presos será
fornecida por uma empresa.
A Folha apurou que o pedido
foi feito por José Barbosa, o Cebolinha, o novo "presidente" (líder
eleito pelos presos) de Bangu 3,
que ocupará o lugar de Isaías da
Costa Rodrigues, o Isaías do Borel, transferido para Bangu 1 três
dias após a tentativa de fuga.
Cebolinha já ocupava o cargo de
"vice-presidente" e é homem de
confiança de Isaías do Borel, um
dos líderes da facção criminosa
CV (Comando Vermelho). O diretor do Desipe (Departamento
de Sistema Penitenciário), major
Hugo Freire, diz que ainda não recebeu "sinalização da demanda
[dos presos de controlar a cozinha" pela direção do presídio".
Em depoimento à Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas), agentes
penitenciários disseram ser difícil
vistoriar os cerca de 1.000 kg de
alimentos que chegam por dia ao
presídio. Bangu 3 tem 896 presos.
"A atividade de confecção da
comida, a despeito do que se fala,
é aprovada pela VEP [Vara de
Execuções Penais]. Não é escândalo e ocorre em várias unidades.
Como houve denúncia dos agentes, estamos analisando a questão,
que na verdade é administrativa,
ou seja, depende de decisão do diretor de cada unidade", diz Freire.
Após a tentativa de fuga, Freire,
em nota oficial, disse ter informações da Secretaria de Segurança
Pública de que as armas usadas na
ação "com grande possibilidade
tenham entrado pela cozinha".
Agentes mostraram à Draco documentos enviados desde março
ao Desipe apontando fragilidade
da segurança na cozinha. Nesse
mês, a Secretaria Estadual de Direitos Humanos, então responsável pelo Desipe, passou o controle
da cozinha para os presos.
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