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Tema de livros, seqüestro deve inspirar filme
DO ENVIADO AO CANADÁ
O seqüestro de Abilio Diniz daria um filme, já se disse. E dará. O
jornalista brasileiro Breno Altman já tem o argumento de seu
"A Última Operação" (título provisório) comprado por uma produtora, que por enquanto pede sigilo quanto ao nome, por razões
jurídicas, mas que deve lançar o
longa pelo menos nos países envolvidos no caso -ou seja, Brasil,
Argentina, Canadá e Chile.
O argumento de Altman é tirado de seu próprio livro, ainda inacabado, que tem o mesmo título
provisório e que ele entrega em 30
de abril do ano que vem à editora
(que, também por razões jurídicas, pede sigilo quanto ao nome
-é um caso cheio de sigilos).
Segundo o autor, livro e filme
centram-se mais no antes e durante seqüestro, julgamento e prisão e param onde esta reportagem começou, ou seja, na volta
dos envolvidos a seus países de
origem. Como pano de fundo, um
panorama da esquerda de então.
Christine e David aparecem, mas
aparentemente sem o mesmo
destaque dos latino-americanos.
Mas o casal está lá. Como, por
exemplo, na cena "Centro de Observação Criminológica, 20 de novembro de 1998", a que a Folha teve acesso, que conta o primeiro
encontro dos dois canadenses depois de oito anos e 11 meses separados pela cadeia. Acompanhe a
chegada de Christine ao setor do
Carandiru onde está o namorado:
"O percurso levou 70 minutos.
Às 19h20, os veículos da PF chegaram ao Carandiru. Parecia um filme americano: armas em punho,
corpos para fora, pneus cantando.
O inconveniente é que os federais
brasileiros não são a Swat [grupo
de elite da polícia dos EUA]. O
primeiro carro do séquito estava
com as pastilhas de freio gastas,
não parou quando devia e atropelou quatro pessoas. Os atingidos
tiveram ferimentos leves. No tumulto, uma metralhadora foi atirada ao chão, mas não disparou."
"A Última Operação", filme e livro, vem se juntar às duas obras já
escritas sobre o assunto, ambas de
jornalistas canadenses, algo antagônicas. A de mais repercussão,
tanto no Brasil quanto no Canadá, é "Uma Questão de Justiça"
(Editora Record, 1995, "See no
Evil", ou "não vejo mal nenhum"), de Isabel Vincent.
Na época chefe da sucursal latino-americana de "The Globe and
Mail", ela acompanhou o caso in
loco. Vincent tenta derrubar a tese de que Christine e David seriam dois inocentes úteis preocupados com a desigualdade social
no mundo que entraram de gaiatos numa operação da esquerda
guerrilheira latino-americana.
Essa versão, usada pela defesa
dos canadenses no julgamento,
também é descartada por outra
jornalista canadense, Caroline
Mallan, autora de "Wrong Time,
Wrong Place" ("na hora errada,
no lugar errado", Key Porter
Books, 1995), à época enviada especial de "The Toronto Star" para
cobrir o caso em São Paulo.
Esta poupa o comportamento
chauvinista do governo e de parte
da imprensa canadense no caso,
diferentemente de Vincent.
(SD)
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