São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2006

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Técnico foi internado e se separou da mulher por causa de efeitos do acidente

DA AGÊNCIA FOLHA

A história do técnico em agroeconomia aposentado Paulo Henrique Firmiano, 40, reproduz uma série de problemas emocionais enfrentados pelas vítimas do acidente com o césio 137.
Após 12 anos de terapia em psicologia sensorial, ele se considera 80% curado de uma doença diagnosticada como distúrbio esquizoafetivo, que mescla sintomas de esquizofrenia e de transtorno bipolar ou de depressão.
"Quando entrei na terapia, era um psicótico mesmo. Não de machucar as pessoas, mas era cheio de manias. Entrava no banco e achava que as pessoas pensavam que eu era ladrão, suava as mãos e não conseguia ficar na fila. Fora as vozes que eu ouvia me xingando. Hoje minha mente já está quase 80%", afirmou Firmiano.
O técnico -cuja família também foi afetada pelo acidente radioativo- disse que já apresentava alguns sinais de problemas psicológicos na infância, especialmente medo, mas que o quadro se agravou muito após o acidente. Na época, ele tinha 21 anos.
"Piorou porque eu via minha mãe embriagada, ela se tornou alcoólatra. Meu pai sofria muito com uma lesão na perna também. O césio fez um estrago muito grande no emocional das pessoas, só que elas são simples e não buscaram a psicologia", diz Firmiano.

Separação
Firmiano afirma ainda que chegou a ficar internado em uma clínica psiquiátrica por cerca de um ano e acabou tendo de se separar da mulher por causa da doença.
"Tive de me separar porque eu ouvia vozes cruéis, falando que eu ia matar minha mulher. Em 2002, eu me internei. Depois contei para minha mulher sobre as vozes, passou um tempo e voltou [a sensação das vozes], aí tive de me separar dela porque não estava agüentando esses pensamentos."
Atualmente, o técnico toma medicamentos para hipertensão e esquizofrenia.
"Ainda preciso dos remédios para ter uma melhor qualidade de vida, mas hoje isso tudo [as crises do transtorno mental] é passado. Comecei a trabalhar no Hospital do Câncer como voluntário e quero ajudar os outros." (AC)


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