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Técnico foi internado e se separou da mulher por causa de efeitos do acidente
DA AGÊNCIA FOLHA
A história do técnico em
agroeconomia aposentado
Paulo Henrique Firmiano, 40,
reproduz uma série de problemas emocionais enfrentados
pelas vítimas do acidente com o
césio 137.
Após 12 anos de terapia em
psicologia sensorial, ele se considera 80% curado de uma
doença diagnosticada como
distúrbio esquizoafetivo, que
mescla sintomas de esquizofrenia e de transtorno bipolar ou
de depressão.
"Quando entrei na terapia,
era um psicótico mesmo. Não
de machucar as pessoas, mas
era cheio de manias. Entrava
no banco e achava que as pessoas pensavam que eu era ladrão, suava as mãos e não conseguia ficar na fila. Fora as vozes que eu ouvia me xingando.
Hoje minha mente já está quase 80%", afirmou Firmiano.
O técnico -cuja família também foi afetada pelo acidente
radioativo- disse que já apresentava alguns sinais de problemas psicológicos na infância, especialmente medo, mas
que o quadro se agravou muito
após o acidente. Na época, ele
tinha 21 anos.
"Piorou porque eu via minha
mãe embriagada, ela se tornou
alcoólatra. Meu pai sofria muito com uma lesão na perna
também. O césio fez um estrago
muito grande no emocional das
pessoas, só que elas são simples
e não buscaram a psicologia",
diz Firmiano.
Separação
Firmiano afirma ainda que
chegou a ficar internado em
uma clínica psiquiátrica por
cerca de um ano e acabou tendo
de se separar da mulher por
causa da doença.
"Tive de me separar porque
eu ouvia vozes cruéis, falando
que eu ia matar minha mulher.
Em 2002, eu me internei. Depois contei para minha mulher
sobre as vozes, passou um tempo e voltou [a sensação das vozes], aí tive de me separar dela
porque não estava agüentando
esses pensamentos."
Atualmente, o técnico toma
medicamentos para hipertensão e esquizofrenia.
"Ainda preciso dos remédios
para ter uma melhor qualidade
de vida, mas hoje isso tudo [as
crises do transtorno mental] é
passado. Comecei a trabalhar
no Hospital do Câncer como
voluntário e quero ajudar os
outros."
(AC)
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