São Paulo, terça-feira, 30 de outubro de 2007

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Jovem morreu uma hora após ser internado

Lucas Maiorano, 17, chegou ao hospital em coma e desidratado depois de ser levado da festa rave e teve parada cardiorrespiratória

Outros 2 rapazes seguem internados -um intoxicado e outro atropelado na saída da festa; organizadores podem ser responsabilizados

Janir Júnior/Agência O Dia
Jovens participam da festa Tribe Rio, anteontem em Itaboraí (RJ)

ITALO NOGUEIRA
MÁRCIA BRASIL
DA SUCURSAL DO RIO

Um jovem de 17 anos morreu anteontem após participar de uma festa rave em Itaboraí, a 45 km do Rio de Janeiro. A suspeita é que ele tenha morrido em decorrência do consumo excessivo de álcool e drogas. Ao menos dezoito pessoas foram internadas durante o evento.
O estudante Lucas Francesco Amêdola Maiorano foi internado às 13h50 no Hospital Estadual Prefeito João Batista Caffaro em coma e desidratado. Morreu uma hora depois, após parada cardiorrespiratória. Outros dois jovens continuavam internados até a conclusão desta edição -um intoxicado e outro atropelado na saída da festa.
Se comprovado o uso de drogas, os organizadores da festa podem ser indiciados sob acusação de permitir o uso ou tráfico de drogas em propriedade particular e homicídio.
A polícia apura ainda se o médico Raphael de Souza Maia, 26, morto em um acidente de carro na estrada Niterói-Manilha, saía da festa no momento da colisão. Segundo a Polícia Rodoviária, ele dormiu ao volante e bateu em um ônibus.
Enquanto os oitos DJs se apresentavam no sítio Happy Land (em inglês, Terra Feliz), houve 18 internações por intoxicação, brigas e até falta d'água na festa que reuniu cerca de 10.000 pessoas. O local tem 750 mil m2 e a entrada é semelhante à de um castelo. Foi interditado ontem à noite por pelo menos 30 dias pela polícia.
A festa Tribe Rio -realizada neste ano em São Paulo, Ribeirão Preto e Curitiba- durou ao todo 20 horas. Às 12h, havia falta de água no bar e alguns jovens ameaçaram agredir os atendentes. Os organizadores dizem ter sido um "momento de reposição" do líquido.
A polícia vai apurar ainda comentários de membros da comunidade do evento no Orkut, que apontam seguranças como traficantes de drogas, negligência na checagem das carteiras de identidade e na revista aos freqüentadores.
Disputados, o preço dos ingressos para a festa rave variavam entre R$ 40 e R$ 80. O estacionamento custava R$ 15.
"Vi brigas, caos para entrar... Levei 1h20 para estacionar o carro e mais 1h para conseguir entrar na festa. Só entrei à 5h. Estava um calor absurdo. Por volta das 12h fui comprar água, mas tinha acabado", diz a estudante Carolina de Oliveira, 20.
"Havia pessoas drogadas. Toda festa sempre tem alguém. Falaram que na área VIP estava ainda pior. Mas lá vi coisas que nunca vi em outras festas."
Integrantes da comunidade da festa na página de relacionamentos Orkut temiam que as raves fossem proibidas após a repercussão do caso. Alguns chegaram a culpar a própria vítima pela morte.
"Isso é coisa de um Zé Mané que não sabe o que está fazendo. Acha que a música só é legal se tomar alguma coisa", disse o promoter Bruno Monteiro, 22.
O titular da 71ª Delegacia de Polícia (Itaboraí), Antônio Ricardo Lima Nunes, afirmou que os organizadores da festa podem ser responsabilizados criminalmente.
"Se ficar comprovado que houve consumo exagerado de drogas, se foi permitido que usassem drogas neste espaço, a empresa de segurança e a empresa promotora do evento podem ser indiciadas". O exame toxicológico do adolescente ficará pronto em dez dias.


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