São Paulo, terça-feira, 30 de outubro de 2007

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PF apreende 16 t de queijo impróprio para consumo

Produto vencido ou prestes a vencer era reembalado para que fosse comercializado

Depósito em Uberaba (MG) onde a mercadoria estava estocada foi achado após denúncia; polícia diz que produto seria vendido em SP

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

JUCIMARA DE PAUDA
DA FOLHA RIBEIRÃO, EM UBERABA

A Polícia Federal apreendeu ontem, em Uberaba (MG), 16 toneladas de queijo tipo mussarela impróprio para o consumo.
A mercadoria estava com prazo de validade já vencido ou prestes a vencer, mas ainda assim seria comercializada nos mercados de Minas Gerais. Os policiais federais suspeitam que também seria vendida no Estado de São Paulo. Uma denúncia anônima levou a PF a um depósito no bairro Parque das Américas, onde o queijo estava estocado.
Segundo o delegado da PF Ricardo Ruiz da Silva, uma pessoa de Uberaba, que não teve o nome divulgado, comprava o queijo vencido ou prestes a vencer de 18 laticínios do Estado de Goiás e o trazia para a cidade mineira. Toda a mercadoria era guardada em uma câmara fria dentro do depósito. As embalagens vencidas eram retiradas e outras, com novas datas de validade, eram colocadas no queijo, para que ele pudesse ser comercializado.
"Encontramos vários sacos plásticos com embalagens, o que significa que muitos queijos estão sendo comercializados", afirmou Silva -o mesmo delegado que, na semana passada, comandou a Operação Ouro Branco.
A maioria dos queijos reembalados tinha as marcas Milklac, Milknata e Lunat. O delegado da PF disse que as marcas não são originais. Elas teriam sido adulteradas.
A Folha localizou à noite uma fábrica da Milklac em Suzano, na Grande São Paulo. Como ela já estava fechada, não foi possível contatar os seus responsáveis. A reportagem telefonou para 14 supermercados da Grande São Paulo, mas nenhum deles tinha nenhuma das três marcas à venda.
Na operação da PF em Uberaba, três pessoas foram detidas, mas seus nomes não foram divulgados. A Polícia Federal ainda não sabe qual a participação delas no esquema da compra do queijo. Até a conclusão desta edição, os policiais ainda não haviam localizado os responsáveis pela fraude.

Ouro Branco
Segundo o delegado, esse flagrante não tem ligação com a operação Ouro Branco, realizada na semana passada para desbaratar uma quadrilha de adulteração de leite que funcionava na região conhecida como Triângulo Mineiro.
Naquela operação, a polícia descobriu que cooperativas produtoras de leite adicionavam no produto substâncias impróprias para o consumo, como soda cáustica e água oxigenada, com o objetivo de ampliar seu prazo de validade. Juntas, a Copervale (Cooperativa dos Produtores de Leite do Vale do Rio Grande) e a Casmil (Cooperativa Agropecuária do Sudoeste Mineiro), suspeitas da fraude, produziam 400 mil litros de leite por dia.


Colaborou LUISA ALCANTARA E SILVA , da Redação


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