São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 2008

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MODESTO GOMES DA SILVA (1931-2008)

Uma vida modesta somente no nome

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

No começo da década de 1930, Modesto Gomes da Silva acordou ardendo em febre. O pai, que anos mais tarde seria presidente da Assembléia Legislativa de Goiás, mandou chamar um médico na fazenda vizinha.
O doutor olhou o menino e pediu que esterilizassem uma faca no fogo. Modesto dizia: "Não passei por uma operação. Sofri uma operação". Não houve anestesia. Naquele dia, o garoto teve um tumor extraído do pulmão.
Mais de 70 anos depois, Modesto viveria situação parecida. No domingo, na sala da UTI onde estava internado, a mulher rogou: "Nossa Senhora da Guia, se for para ele ficar bom, cuide dele, faça-o sarar logo. Mas se for pra ele ficar sofrendo, leve-o embora". Vinte minutos depois, Modesto morreu, aos 77. Tinha câncer no pulmão.
Natural de Paraúna (GO), mudou-se novo para Goiânia, onde estudou direito e história. De uma família de juristas, chegou a juiz, cargo no qual se aposentou. Escreveu em jornais da cidade e foi um dos fundadores do curso de jornalismo da Universidade Federal de Goiás.
Em suma, foi juiz, advogado, professor, historiador, jornalista e escritor (autor de 16 livros). Quando lhe perguntaram o que ele achava de ter sido tantas coisas, respondeu: "Ainda bem que de modesto eu só tenho o nome". Era o atual presidente da Academia Goiana de Letras. Deixou sete filhos, 16 netos, três bisnetos e quatro obras ainda não publicadas.

obituario@folhasp.com.br


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