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MODESTO GOMES DA SILVA (1931-2008)
Uma vida modesta somente no nome
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
No começo da década de
1930, Modesto Gomes da Silva acordou ardendo em febre. O pai, que anos mais tarde seria presidente da Assembléia Legislativa de
Goiás, mandou chamar um
médico na fazenda vizinha.
O doutor olhou o menino e
pediu que esterilizassem
uma faca no fogo. Modesto
dizia: "Não passei por uma
operação. Sofri uma operação". Não houve anestesia.
Naquele dia, o garoto teve um
tumor extraído do pulmão.
Mais de 70 anos depois,
Modesto viveria situação parecida. No domingo, na sala
da UTI onde estava internado, a mulher rogou: "Nossa
Senhora da Guia, se for para
ele ficar bom, cuide dele, faça-o sarar logo. Mas se for pra
ele ficar sofrendo, leve-o embora". Vinte minutos depois,
Modesto morreu, aos 77. Tinha câncer no pulmão.
Natural de Paraúna (GO),
mudou-se novo para Goiânia,
onde estudou direito e história. De uma família de juristas, chegou a juiz, cargo no
qual se aposentou. Escreveu
em jornais da cidade e foi um
dos fundadores do curso de
jornalismo da Universidade
Federal de Goiás.
Em suma, foi juiz, advogado, professor, historiador,
jornalista e escritor (autor de
16 livros). Quando lhe perguntaram o que ele achava de
ter sido tantas coisas, respondeu: "Ainda bem que de modesto eu só tenho o nome".
Era o atual presidente da
Academia Goiana de Letras.
Deixou sete filhos, 16 netos,
três bisnetos e quatro obras
ainda não publicadas.
obituario@folhasp.com.br
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