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entrevista
Punir é a única opção a não ser usada, diz docente
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A escola vira um ambiente
"altamente estressante" para crianças que vivenciam
episódios de violência na escola, diz o especialista em desenvolvimento de crianças e
adolescentes Áderson Costa,
professor da UnB (Universidade de Brasília).
Para ele, a cultura de que a
agressão é às vezes necessária na educação das crianças
persiste. "Elas não precisam
de tapas nem de palmadas.
Precisam é de práticas educativas e de afetividade.
Palmadas e tapas, por mais
leves que sejam, são punições que geram conseqüências negativas."
FOLHA - A atitude atribuída à
professora pode provocar que tipo de conseqüência para o aluno?
ÁDERSON COSTA - A criança foi
exposta a uma situação aversiva. Isso pode, no mínimo,
provocar uma desmotivação
para voltar à escola, que passa a ser um ambiente altamente estressante para
a criança. O convívio com
outras professoras também
pode ser desmotivador porque está associado a um
evento que produziu um dano psicológico.
FOLHA - A criança pode evitar a
convivência com os colegas?
COSTA - O convívio com os
coleguinhas pode também
ser aversivo. A criança foi exposta publicamente a uma situação extremamente desgastante, vexatória. A principal habilidade de uma professora de ensino infantil é a
afetividade. A única alternativa que não deveria ser usada é a da punição.
FOLHA - O que pode levar uma
professora a agir de forma agressiva, na sua avaliação?
COSTA - Precisaríamos analisar melhor a situação. Mas eu
diria que se trata de uma
combinação de fatores. Uma
profissão como a de professor de ensino fundamental,
mal remunerada, mal treinada e estressada, de modo geral; alunos que às vezes já
vêm de ambiente agressivo;
além de práticas educativas
que nem sempre são adequadas com relação às necessidades das crianças.
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