São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 2008

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entrevista

Punir é a única opção a não ser usada, diz docente

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A escola vira um ambiente "altamente estressante" para crianças que vivenciam episódios de violência na escola, diz o especialista em desenvolvimento de crianças e adolescentes Áderson Costa, professor da UnB (Universidade de Brasília).
Para ele, a cultura de que a agressão é às vezes necessária na educação das crianças persiste. "Elas não precisam de tapas nem de palmadas.
Precisam é de práticas educativas e de afetividade.
Palmadas e tapas, por mais leves que sejam, são punições que geram conseqüências negativas."

FOLHA - A atitude atribuída à professora pode provocar que tipo de conseqüência para o aluno?
ÁDERSON COSTA
- A criança foi exposta a uma situação aversiva. Isso pode, no mínimo, provocar uma desmotivação para voltar à escola, que passa a ser um ambiente altamente estressante para a criança. O convívio com outras professoras também pode ser desmotivador porque está associado a um evento que produziu um dano psicológico.

FOLHA - A criança pode evitar a convivência com os colegas?
COSTA
- O convívio com os coleguinhas pode também ser aversivo. A criança foi exposta publicamente a uma situação extremamente desgastante, vexatória. A principal habilidade de uma professora de ensino infantil é a afetividade. A única alternativa que não deveria ser usada é a da punição.

FOLHA - O que pode levar uma professora a agir de forma agressiva, na sua avaliação?
COSTA
- Precisaríamos analisar melhor a situação. Mas eu diria que se trata de uma combinação de fatores. Uma profissão como a de professor de ensino fundamental, mal remunerada, mal treinada e estressada, de modo geral; alunos que às vezes já vêm de ambiente agressivo; além de práticas educativas que nem sempre são adequadas com relação às necessidades das crianças.


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