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entrevista
No setor público, seguro preocupa, afirma professor
DA REPORTAGEM LOCAL
A concessão de seguro a
administradores de empresas privadas vem se
tornando comum, diz
João Antonio Wiegerinck,
professor de direito constitucional do Mackenzie.
Mas, para ele, no setor público deve haver um cuidado redobrado com esse tipo de garantia ao gestor.
"Fico imaginando um
diretor falando para o outro: "Vai dando a canetada
aí que o seguro cobre",
afirma. Leia abaixo trechos da entrevista.
FOLHA - O sr. conhecia essa
modalidade de seguro?
JOÃO ANTONIO WIEGERINCK - É
relativamente recente. No
Brasil, teve um grande impulso nos últimos três
anos, com o novo Código
Civil. É um seguro-blindagem de patrimônio do gestor, que já conta com suporte jurídico no Brasil.
No exterior, há casos em
que o nome da seguradora
fica até no currículo do
executivo da empresa.
FOLHA - E no setor público?
WIEGERINCK - É um produto típico da iniciativa privada. Um executivo que
acertou a vida toda e um
dia comete um erro que
traz grande prejuízo à empresa, vai ser punido por
um único erro? Se for um
valor grande, ele pode perder todo seu patrimônio.
Mas no Brasil, com o nível
de corrupção que temos,
pode ser uma temeridade,
é de preocupar.
FOLHA - Qual é o risco?
WIEGERINCK - Fico imaginando um diretor falando
para o outro: "Vai dando a
canetada aí que o seguro
cobre". Pode também haver um certo conflito nas
próprias estatais.
FOLHA - Como assim?
WIEGERINCK - O que incomoda é: quem é que vai dizer o que é doloso ou não?
Como é que vai ser averiguado, por exemplo, qual
foi o grau de imperícia [na
formulação de contratos]
ou se houve dolo. As auditorias internas são para inglês ver. Tem de haver um
controle externo do que
pode ser segurado ou não.
FOLHA - Isso é possível?
WIEGERINCK - Pode ser um
órgão de controle, como o
Ministério Público.
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