São Paulo, sexta-feira, 30 de outubro de 2009

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Grávidas do RS vão ao Uruguai para dar à luz

Remoção foi adotada após o Conselho Regional de Medicina interditar o único hospital público de Santana do Livramento

Foi apontada sobrecarga dos médicos e falta de manutenção dos aparelhos; até agora, 11 grávidas cruzaram a fronteira

Duda Pinto/Agência RBS
A brasileira Ana Paula Gonçalves, que deu à luz uma menina no Uruguai, depois de fechamento de hospital em Santana do Livramento

ANNA CAROLINA CARDOSO
GUSTAVO HENNEMANN
DA AGÊNCIA FOLHA

Moradoras de Santana do Livramento (RS), 11 grávidas tiveram de cruzar a fronteira com o Uruguai para dar à luz a seus bebês neste mês.
A cidade de Rivera, separada do município gaúcho apenas por uma rua, tornou-se a opção mais rápida para partos urgentes após a interdição da Santa Casa de Livramento, o único hospital público da cidade, de 84 mil habitantes.
Há 15 dias, uma equipe de fiscalização do Conselho Regional de Medicina decidiu interditar o hospital. O motivo apresentado foi a sobrecarga da equipe médica e a falta de manutenção nos equipamentos. As dívidas acumuladas pelo hospital somam cerca de R$ 20 milhões.
Desde então, quem não consegue ser atendido na localidade é levado por cinco ambulâncias para outros municípios do Estado e para a vizinha cidade uruguaia, que recebe gestantes já em trabalho de parto.
De acordo com o Consulado do Brasil em Rivera, os filhos de brasileiros que nascem na cidade devem ser registrados em um cartório uruguaio.
Consideradas brasileiras natas, as crianças terão também a cidadania uruguaia.
Nas últimas semanas, cerca de 20 bebês foram registrados pelo órgão.
A situação obrigou o principal hospital da cidade uruguaia a contratar mais uma parteira. Mas não há sobrecarga até o momento, diz a coordenadora departamental da Saúde de Rivera, Rosana Guevara.
Um médico pediatra e uma enfermeira do Brasil estão encarregados de atender e vacinar os bebês. A Secretaria da Saúde de Santana do Livramento deve assinar hoje um convênio com o serviço público de saúde uruguaio para cobrir os custos.
Em 2006, em situação semelhante, 30 brasileiras deram à luz em Rivera em razão de uma interdição na Santa Casa, segundo a diretora do hospital uruguaio, Mercedes Borastero. Na época, também houve reparação financeira por parte das autoridades brasileiras.

Proposta
Com a Santa Casa interditada, o atendimento de emergência na cidade gaúcha passou a ser realizado em um hospital particular, que não dispõe de uma maternidade.
A pedido da prefeitura, dez leitos comuns e quatro de UTI desse hospital passaram a ser oferecidos a pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde). Na Santa Casa, havia 170 leitos comuns e dez na UTI.
Até o momento, não há perspectiva de reabertura da Santa Casa, que é administrada por uma fundação filantrópica e recebe repasses da União, do Estado e da prefeitura.
A proposta da Secretaria Estadual da Saúde é que a prefeitura intervenha, mudando os responsáveis pela gestão do hospital, diz o secretário estadual Osmar Terra.
A prefeitura, porém, teme ter de arcar com as dívidas acumuladas pela instituição.
A administração da unidade diz que o hospital tem problemas, mas não deveria ter sido impedido de funcionar.


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