|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Grávidas do RS vão ao Uruguai para dar à luz
Remoção foi adotada após o Conselho Regional de Medicina interditar o único hospital público de Santana do Livramento
Foi apontada sobrecarga dos médicos e falta de manutenção dos aparelhos; até agora, 11 grávidas cruzaram a fronteira
Duda Pinto/Agência RBS
|
|
A brasileira Ana Paula Gonçalves, que deu à luz uma menina no Uruguai, depois de fechamento de hospital em Santana do Livramento
ANNA CAROLINA CARDOSO
GUSTAVO HENNEMANN
DA AGÊNCIA FOLHA
Moradoras de Santana do Livramento (RS), 11 grávidas tiveram de cruzar a fronteira com o
Uruguai para dar à luz a seus
bebês neste mês.
A cidade de Rivera, separada
do município gaúcho apenas
por uma rua, tornou-se a opção
mais rápida para partos urgentes após a interdição da Santa
Casa de Livramento, o único
hospital público da cidade, de
84 mil habitantes.
Há 15 dias, uma equipe de fiscalização do Conselho Regional
de Medicina decidiu interditar
o hospital. O motivo apresentado foi a sobrecarga da equipe
médica e a falta de manutenção
nos equipamentos. As dívidas
acumuladas pelo hospital somam cerca de R$ 20 milhões.
Desde então, quem não consegue ser atendido na localidade é levado por cinco ambulâncias para outros municípios do
Estado e para a vizinha cidade
uruguaia, que recebe gestantes
já em trabalho de parto.
De acordo com o Consulado
do Brasil em Rivera, os filhos de
brasileiros que nascem na cidade devem ser registrados em
um cartório uruguaio.
Consideradas brasileiras natas, as crianças terão também a
cidadania uruguaia.
Nas últimas semanas, cerca
de 20 bebês foram registrados
pelo órgão.
A situação obrigou o principal hospital da cidade uruguaia
a contratar mais uma parteira.
Mas não há sobrecarga até o
momento, diz a coordenadora
departamental da Saúde de Rivera, Rosana Guevara.
Um médico pediatra e uma
enfermeira do Brasil estão encarregados de atender e vacinar
os bebês. A Secretaria da Saúde
de Santana do Livramento deve
assinar hoje um convênio com
o serviço público de saúde uruguaio para cobrir os custos.
Em 2006, em situação semelhante, 30 brasileiras deram à
luz em Rivera em razão de uma
interdição na Santa Casa, segundo a diretora do hospital
uruguaio, Mercedes Borastero.
Na época, também houve reparação financeira por parte das
autoridades brasileiras.
Proposta
Com a Santa Casa interditada, o atendimento de emergência na cidade gaúcha passou a
ser realizado em um hospital
particular, que não dispõe de
uma maternidade.
A pedido da prefeitura, dez
leitos comuns e quatro de UTI
desse hospital passaram a ser
oferecidos a pacientes do SUS
(Sistema Único de Saúde). Na
Santa Casa, havia 170 leitos comuns e dez na UTI.
Até o momento, não há perspectiva de reabertura da Santa
Casa, que é administrada por
uma fundação filantrópica e recebe repasses da União, do Estado e da prefeitura.
A proposta da Secretaria Estadual da Saúde é que a prefeitura intervenha, mudando os
responsáveis pela gestão do
hospital, diz o secretário estadual Osmar Terra.
A prefeitura, porém, teme ter
de arcar com as dívidas acumuladas pela instituição.
A administração da unidade
diz que o hospital tem problemas, mas não deveria ter sido
impedido de funcionar.
Texto Anterior: Rio de Janeiro: Mortes pela polícia crescem no 3º trimestre Próximo Texto: Promotoria acusa empresa de simular radioterapia Índice
|