São Paulo, sábado, 30 de outubro de 2010

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Cadeias na região de Sorocaba têm 1.581 presos e 577 vagas

Unidades da área são as mais lotadas do Estado de SP; dados são do Centro Integrado para Assuntos Prisionais

Policiais afirmam que, com cadeias cheias, eles não conseguem priorizar o trabalho de investigação

ANDRÉ CARAMANTE
AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO

As 22 cadeias públicas controladas pela Polícia Civil de São Paulo na região de Sorocaba (99 km de SP) são hoje as mais lotadas do Estado. Nas celas onde cabem 577 pessoas, estão 1.581 -a superlotação é de 274%.
Números sigilosos do Ciap (Centro Integrado para Assuntos Prisionais), órgão da Secretaria da Segurança Pública, obtidos pela Folha, confirmam a superlotação das carceragens na maior parte das 228 cadeias públicas e delegacias da Grande São Paulo e do interior.
Hoje, na capital, apenas 14 dos 93 distritos policiais têm presos em suas dependências e eles são destinados para "trânsito", ou seja, para uma permanência curta.
Até segunda-feira, quando a Folha revelou que alguns desses distritos estavam com superlotação, por conta de uma resolução da SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) que provocava demora de até 20 dias para transferências para penitenciárias, delegacias como o 63º DP (Vila Jacuí), na zona leste, abrigavam 111 presos onde cabiam apenas 20.
Anteontem, a SAP reeditou uma resolução de setembro, que, segundo o governo, gerava interpretação errada da transferência, e esclareceu que vai evitar a entrada de presos após as 16h e aos finais de semana.
Com a reedição da resolução, os DPs da capital voltaram a ter menos presos, mas o problema persiste no interior e região metropolitana.
Para policiais civis, o indicado é que presos não permaneçam mais do que 72 horas em carceragens de delegacias ou cadeia públicas.
Ainda segundo policiais, a superlotação das celas impede que parte da Polícia Civil, responsável por realizar investigações e repassá-las à Promotoria, faça seu trabalho primordial de investigar.
Cinco presos fugiram das cadeias públicas de SP entre os dias 18 e 24, semana mais crítica por conta da antiga resolução da SAP.
Desde o início desta semana, a Folha tenta entrar, com o aval da Justiça, nas carceragens da Polícia Civil da capital. No entanto, antes de conceder a autorização à reportagem, o juiz-corregedor Alex Tadeu Monteiro Zilenovski consultou os responsáveis pelos DPs. Até ontem, sete delegados tinham respondido à consulta do magistrado. Todos argumentaram que, por causa da superlotação, o ambiente não é seguro para receber repórteres.


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