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Cadeias na região de Sorocaba têm 1.581 presos e 577 vagas
Unidades da área são as mais lotadas do Estado de SP; dados são do Centro Integrado para Assuntos Prisionais
Policiais afirmam que, com cadeias cheias,
eles não conseguem priorizar o trabalho
de investigação
ANDRÉ CARAMANTE
AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO
As 22 cadeias públicas
controladas pela Polícia Civil
de São Paulo na região de Sorocaba (99 km de SP) são hoje as mais lotadas do Estado.
Nas celas onde cabem 577
pessoas, estão 1.581 -a superlotação é de 274%.
Números sigilosos do Ciap
(Centro Integrado para Assuntos Prisionais), órgão da
Secretaria da Segurança Pública, obtidos pela Folha,
confirmam a superlotação
das carceragens na maior
parte das 228 cadeias públicas e delegacias da Grande
São Paulo e do interior.
Hoje, na capital, apenas 14
dos 93 distritos policiais têm
presos em suas dependências e eles são destinados para "trânsito", ou seja, para
uma permanência curta.
Até segunda-feira, quando
a Folha revelou que alguns
desses distritos estavam com
superlotação, por conta de
uma resolução da SAP (Secretaria da Administração
Penitenciária) que provocava demora de até 20 dias para
transferências para penitenciárias, delegacias como o
63º DP (Vila Jacuí), na zona
leste, abrigavam 111 presos
onde cabiam apenas 20.
Anteontem, a SAP reeditou uma resolução de setembro, que, segundo o governo,
gerava interpretação errada
da transferência, e esclareceu que vai evitar a entrada
de presos após as 16h e aos finais de semana.
Com a reedição da resolução, os DPs da capital voltaram a ter menos presos, mas
o problema persiste no interior e região metropolitana.
Para policiais civis, o indicado é que presos não permaneçam mais do que 72 horas em carceragens de delegacias ou cadeia públicas.
Ainda segundo policiais, a
superlotação das celas impede que parte da Polícia Civil,
responsável por realizar investigações e repassá-las à
Promotoria, faça seu trabalho primordial de investigar.
Cinco presos fugiram das
cadeias públicas de SP entre
os dias 18 e 24, semana mais
crítica por conta da antiga resolução da SAP.
Desde o início desta semana, a Folha tenta entrar, com
o aval da Justiça, nas carceragens da Polícia Civil da capital. No entanto, antes de conceder a autorização à reportagem, o juiz-corregedor
Alex Tadeu Monteiro Zilenovski consultou os responsáveis pelos DPs. Até ontem,
sete delegados tinham respondido à consulta do magistrado. Todos argumentaram que, por causa da superlotação, o ambiente não é seguro para receber repórteres.
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