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AMBIENTE
Até o final de 97, 22,7% da área do Estado estará sem cobertura vegetal, diz estudo
Desmatamento em RO aumenta 20,6%
MARCOS PIVETTA
da Reportagem Local
A área total desmatada em Rondônia aumentou 20,6% nos últimos dois anos, segundo estudo da
Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental daquela unidade da federação.
Até 94, 4.267.228 hectares tinham sido desmatados no Estado.
No final do ano passado, a área
com floresta destruída já alcançava 5.149.386 hectares, equivalentes
a 21,6% do território total de Rondônia.
"Até o final deste ano, prevemos
que a área total desmatada deve
atingir 5,4 milhões de hectares, representando 22,7% do território
do Estado", disse o engenheiro florestal Eraldo Matricardi, funcionário da secretaria e um dos autores do estudo.
Além da secretaria, o trabalho
contou com a colaboração do
PNUD (Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento) e
do Ibama (Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis).
Segundo Matricardi, o pior período de desmatamento foi entre
93 e 95, época em que a economia
do país voltou a crescer significativamente.
"Nesse período o desmatamento foi realmente elevado em relação aos anos anteriores", disse o
engenheiro florestal.
Os principais motivos apontados para o avanço do desmatamento foram o crescimento da pecuária extensiva e novas ocupações em áreas próximas a rodovias, como a BR-429 e a BR-421.
Para fugir da reforma agrária, alguns donos de latifúndios que tinham terras com vasta cobertura
vegetal também promoveram novos desmatamentos a fim de dar
algum uso a parte de suas terras.
Matricardi disse que a taxa de
desmatamento deste ano deve ser
mais ou menos semelhante à de
1996 -cerca de 270 mil hectares.
Estabilização
"Há uma tendência à estabilização da taxa, mas o problema é que
essa estabilização se dá num nível
muito alto", disse Matricardi.
Se continuar desmatando anualmente cerca de 270 mil hectares,
Rondônia perderá a cada 12 meses
uma área de floresta equivalente a
1,1% do tamanho do Estado.
Para Roberto Smeraldi, diretor
do escritório brasileiro da entidade ambientalista Amigos da Terra,
o aumento do desmatamento em
Rondônia indica que o mesmo deve estar acontecendo em outros
Estados da Amazônia.
"A situação é muito preocupante. O aumento de desmatamento
também deve estar ocorrendo em
outros Estados, como Pará, Acre e
Mato Grosso", disse Smeraldi.
Para o Ibama, o fato de a taxa de
desmatamento ter aumentado em
Rondônia não quer dizer que o
mesmo tenha ocorrido nos demais
Estados da Amazônia. Cada Estado pode apresentar um tendência
diferente em relação à destruição
de floresta, informou o Ibama.
Os dados do estudo foram feitos
a partir da análise de imagens do
satélite Landsat, o mesmo usado
pelo Inpe (Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais) para calcular
desmatamento na Amazônia.
Pode haver discrepâncias entre
os dados do estudo da secretaria e
os do Inpe, porque as entidades
usam metodologias diferentes na
análise das imagens do Landsat.
As áreas desmatadas pela ação
das madeireiras não são captadas
pelo Landsat, disse o engenheiro
florestal Matricardi.
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