São Paulo, sábado, 30 de novembro de 2002

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SAÚDE

Em nove dos 39 distritos da capital, doença cresce; mapeamento possibilitará implantar programas específicos para cada região

Aids avança em áreas carentes da cidade

DA REPORTAGEM LOCAL

A Aids continua avançando em nove dos 39 distritos de saúde da capital paulista, todos marcados pela exclusão social.
Segundo novo levantamento da área de DST/Aids do município divulgado ontem, nos distritos de Cidade Ademar, Grajaú, Jardim Ângela, Jardim São Luiz, Parelheiros, todos na zona sul, Cidade Líder, Cidade Tiradentes (leste), e Tremembé (norte) a incidência - número de casos para cada 100 mil habitantes - cresceu de 91 para 2000. No distrito do Socorro (zona sul), houve redução da incidência de 1991 para 1996 - mas, desse ano para 2000, houve aumento: de 15,84 para 19,96.
"Estamos seguindo uma curva de queda [da incidência de casos], mas em algumas regiões há, na contracorrente, um crescimento", disse Fábio Mesquita, coordenador geral de DST/Aids do município, que assumiu a área no início da administração Marta Suplicy (PT), em 2001.
A incidência de casos em toda a cidade está em queda constante desde 1998. Em 1999, o município registrava incidência de 37,46 casos por 100 mil habitantes. No ano seguinte, o valor era 30,79. No ano passado, caiu para 27,19.
Enquanto isso, a incidência saltou de 27,05 para 36,19 de 1996 para 2000 em Cidade Tiradentes.

Ranking do IDH
Todos os distritos estão em áreas carentes. O Jardim Ângela, por exemplo, ficou em uma das últimas posições no ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) elaborado pela Secretaria do Trabalho em agosto deste ano. O índice, empregado pela ONU (Organização das Nações Unidas) para medir a qualidade de vida, cruza dados de renda, expectativa de vida e conhecimento. Nesse distrito, a incidência passou de 12,65 para 15,05.
Pela primeira vez, a prefeitura analisou detalhadamente dados da doença por região da cidade.
Foi possível, por exemplo, verificar que nos distritos de Pinheiros (zona oeste), Sé (centro) e Vila Mariana (zona sul) ainda predomina a transmissão do HIV por via sexual e entre homossexuais -diferentemente do restante da cidade, onde hoje a transmissão entre heterossexuais predomina.
Nos distritos de Santana/Tucuruvi, Vila Maria, na zona norte, e Vila Prudente (zona leste) predomina a transmissão relacionada ao compartilhamento de seringas no uso de drogas injetáveis. A partir dos dados, a prefeitura decidiu abrir dois Centros de Testagem e Aconselhamento em Cidade Tiradentes e no Jardim Ipê (zona sul). Também vai intensificar programas de redução de danos no uso de drogas na zona norte.
A diminuição da incidência de casos é mais expressiva entre os homens na cidade entre 2000 e 2001, segundo o boletim divulgado ontem. Ao contrário do restante do país, na cidade há um "envelhecimento" da epidemia, e os casos concentram-se principalmente em pessoas entre 30 e 39 anos. Há 51.167 casos registrados desde 1980, início da epidemia.
O número de casos de transmissão vertical do HIV (da mãe para o filho), apesar de sensível melhora, ainda está muito aquém da meta, de 23 casos por ano. No ano passado, 57 crianças foram contaminadas. Em 2000, foram 74 casos. Neste ano, foram registrados 16 casos até setembro.
(FABIANE LEITE)


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