São Paulo, sábado, 30 de novembro de 2002

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SAÚDE

Em 2000, as meninas representavam 56% dos casos nessa faixa etária; um ano depois, 63%; jovens serão alvo de campanha

Aids cresce entre garotas de 13 a 19 anos

Alan Marques/Folha Imagem
Estudantes participantes do movimento contra discriminação com portadores do vírus da Aids


IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na faixa de 13 a 19 anos, a Aids vem se disseminando mais entre as garotas brasileiras. Em 2000, as meninas representavam 56% dos casos. Em 2001, 63%. Levantamento divulgado ontem pelo Ministério da Saúde mostra ainda que, desde 1988, o número de mulheres que contrai a doença, independentemente da faixa etária, é maior do que o de homens.
Segundo Jorge Roberto Teixeira, coordenador de DST-Aids do Ministério da Saúde, o hábito de não usar preservativos após a estabilização do relacionamento faz com que as mulheres sejam cada vez mais vítimas da epidemia.
Para avaliar a tendência de crescimento da epidemia, o Ministério da Saúde utiliza uma relação entre o número de homens infectados e o número de mulheres infectadas. Em 2000, na faixa de 13 a 19 anos, havia 0,8 meninos para uma menina infectada. Em 2001, havia 0,6 meninos infectados para uma menina.
Teixeira afirma que esse resultado se deve à diminuição da idade de iniciação sexual. Ou seja, as meninas estão se relacionando sexualmente cada vez mais cedo.

Sem preservativo
Essa característica, aliada ao hábito de abandonar o preservativo depois da estabilização do relacionamento, contribui para o crescimento no número de casos. Teixeira disse que o ministério estuda focar nesse problema a campanha publicitária para o Carnaval do próximo ano.
Segundo Teixeira, a sobrevida (tempo de vida após a manifestação dos primeiros sintomas de Aids) cresceu no Brasil nos últimos anos devido a políticas públicas de distribuição de coquetéis de remédios feitas pelo governo. Em 1996, a sobrevida era de cinco meses. Neste ano o índice aponta 58 meses.
O índice de mortalidade também regrediu. Em 1995, ápice da epidemia desde a década de 1980, morreram 25 mil pessoas de Aids. Em 2002 o número deve fechar em torno de 15 mil óbitos relacionados à doença.
Levantamento do Ministério da Saúde mostra que o número de contaminados também vem caindo desde 1998, quando foi registrada a taxa de 15,9 pessoas contaminadas por 100 mil habitantes -25.742. O ano de 2001 fechou com a taxa de 12,4 casos por 100 mil habitantes, um total de 13.942 pessoas contaminadas.
Entre os homens, a faixa dos 25 aos 29 anos apresenta regresso do índice -de 22,7% do total de casos em 1993 para 13,1% em 2001.


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