São Paulo, sábado, 30 de novembro de 2002

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MORTE NA PF

Dúvida é sobre autoria

Para deputados da CPI, houve tortura

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

O relator da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Tortura da Câmara Federal, deputado Elenildo Ribeiro (PSDB-AL), disse ontem que os parlamentares que integram a comissão já concluíram que houve tortura de policiais federais contra o auxiliar de cozinha Antônio Gonçalves de Abreu, 35, na Superintendência da Polícia Federal no Rio, no dia 7 de setembro. De acordo com Ribeiro, só falta identificar quais agentes participaram da tortura.
Abreu foi preso com Samuel Dias Cerqueira e Márcio Cerqueira Gomes sob a acusação de terem assassinado o agente federal Gustavo Mayer Moreira. Abreu morreu no dia seguinte, vítima de traumatismo craniano.
Em depoimento à CPI, o delegado Marcelo Duval Soares, que coordenava o plantão na PF quando ocorreu a tortura, disse que, na ocasião, quatro agentes entraram na carceragem sem a sua autorização. Esses agentes, segundo ele, não estavam de plantão naquele dia.
O depoimento de Soares foi considerado contraditório pelos deputados, pois ele também disse que Abreu se machucou durante uma briga com Cerqueira, conforme consta no registro da ocorrência feito no dia da morte. Os agentes citados por Soares foram ouvidos e disseram que Abreu foi espancado por Cerqueira.
O relato do delegado é diferente do apresentado à CPI anteontem por Luís Felipe Magalhães, delegado que o antecedeu no plantão. Magalhães disse que os três presos ficaram em celas separadas.
O tenente-médico do Corpo de Bombeiros, Francisco Gonçalves Gabriel, que socorreu o cozinheiro após o espancamento, afirmou considerar impossível que a vítima tenha sido agredida por uma só pessoa e que era pouco provável que Gomes, baleado, tivesse condições de agredir Abreu.
A CPI pretendia fazer uma acareação entre presos, delegados e bombeiro, o que não havia ocorrido até as 18h30.


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