São Paulo, quinta-feira, 30 de novembro de 2006

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Bilhete único e plano político explicam valor

DA REPORTAGEM LOCAL

Só uma parte do reajuste de 15% na tarifa de ônibus em São Paulo está ligada à recomposição de custos do transporte (como diesel e peças) desde a data do aumento anterior, em março do ano passado.
A cesta de indicadores usada para atualizar a remuneração das empresas acumula só 8,5%. E a inflação no período ficou em 7% pelo IPCA, do IBGE, e 4,7% pelo IPC, da Fipe.
Embora não seja a versão oficial, a decisão de Gilberto Kassab (PFL) se baseou também em outros fatores econômicos e políticos, como compensar a crescente elevação de custos do bilhete único criado por Marta Suplicy (PT) e ampliado por José Serra (PSDB) e a pretensão do atual prefeito de evitar novos reajustes até as eleições de 2008 -ou que eles não sejam tão altos.
Isso somado à visão predominante de assessores de Kassab que pretendem tentar diminuir subvenções, investir mais em infra-estrutura e manter a renovação da frota.
A implantação do bilhete único em 2004 -que permite transferências gratuitas em duas horas- elevou a necessidade de subsídios ao sistema.
Isso porque a remuneração das empresas e de perueiros independe da tarifa. Eles ganham valor fixo (de R$ 0,99 a R$ 1,81) por passageiro -inclusive se for um idoso que viaja sem pagar ou se alguém estiver aproveitando as baldeações do bilhete único, gratuitas ao usuário, mas pagas pela prefeitura.
Com a integração ao metrô e trens no final de 2005, foi dado desconto de 27% nos preços unitários.
Se, por um lado, 14 milhões de usuários foram favorecidos por mês, por outro isso provocou uma queda de 3% na receita do transporte municipal.
E, na gestão Kassab, predomina a idéia de ser a hora de minimizar o déficit. A prefeitura também quer conter subsídios -R$ 224 milhões em 2005 e R$ 300 milhões neste ano. Para 2007, a previsão é de R$ 320 milhões. Oficialmente, a gestão diz que nem esse valor será suficiente para bancar os custos de R$ 2,67 para cada passageiro.
O secretário Frederico Bussinger (Transportes) considera equivocada a avaliação de que a tarifa subiu acima da inflação porque os benefícios hoje são muito maiores com o bilhete. (ALENCAR IZIDORO)


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