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Promotores sabiam de jovem, dizem presos
Detentos disseram a CPI que membros do Ministério Público foram avisados sobre a garota presa em cela com homens
Os promotores, no entanto, não a incluíram em mutirão que libertou 17 presos, entre eles o primeiro estuprador da menina
DA ENVIADA ESPECIAL A BELÉM
Em depoimento à CPI do Sistema Carcerário, quatro homens que ficaram presos com a
menor L., 15, contaram que
dois promotores estiveram na
delegacia e que foram avisados
da presença dela na cela masculina, mas não a incluíram no
"mutirão" que libertou 17 detentos -entre eles o primeiro
estuprador da menina.
Nos depoimentos, os quatro
negaram qualquer abuso sexual da menina, mas confirmaram que ela foi estuprada por
um detento conhecido por "Beto". Depois disso, os depoimentos convergiram na tentativa de
desqualificar L. Afirmaram que
ela teria "oferecido" sexo a cerca de sete presos na cela.
Eles reafirmaram que a menina sempre informou ser "de
menor", mas que não tinha como comprovar a idade.
Segundo o preso Rodnei Leal
Ferreira, citado como "Diney"
nos depoimentos da menor,
um promotor e uma promotora
estiveram na carceragem e eles
informaram a presença de L.
"Ela já tinha passado pela polícia, por isso não levaram ela na
audiência conjunta", disse.
Na audiência, teriam repetido a informação à juíza. Mas
não houve providências, diz
Ferreira, detido há um ano por
tentativa de assalto. Nenhum
dos presos disse os nomes dos
promotores nem precisou a data do mutirão. Disseram que, de
20 detentos, 17 foram soltos.
Segundo outro detento, Edilson Lobato Vinagre, 20, acusado de homicídio, todos ouviram
da cela os "gritos chorando por
ajuda" de L. no dia em que ela
foi estuprada no banheiro. Ele
disse que todos ficaram calados
e não puderam fazer nada.
Outro preso, João Pereira
Cardoso, 34, preso por assalto,
disse que um dos promotores
deixou claro que resolveria primeiro os casos de réus primários. Porém um dos liberados
na ocasião, Saulo, ofereceu ajuda à menina, que pediu comida.
"Comida, a gente dá pra ela
aqui. Se quer mesmo ajudar,
traz uma certidão dela, mas não
dá na mão dela que ela vai fazer
besteira", disse Cardoso. Ele
pediu proteção à CPI e alegou
estar sob ameaça por ter participado da liberação da menina.
Por meio de uma nota oficial,
o Ministério Público do Pará
afirmou que está apurando "todos os fatos noticiados". Disse
ainda que aguardará os relatórios finais dos diversos órgãos
federais e estaduais envolvidos
nas apurações desses fatos para
a tomada de providências.
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