São Paulo, sexta-feira, 30 de novembro de 2007

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Para pesquisadores, certificado não garante qualidade

DA REPORTAGEM LOCAL

O acúmulo de títulos e certificados pelos professores têm pouco ou nenhum impacto na qualidade de ensino, disseram três dos quatro pesquisadores ouvidos pela reportagem.
Até mesmo um diploma universitário do docente pode não trazer benefícios aos estudantes. Esta conclusão está presente em um trabalho das pesquisadoras do Inep (instituto de pesquisas do Ministério da Educação) Fabiana de Felício e Roberta Loboda Biondi.
Ao analisarem os desempenhos em matemática dos estudantes de 4ª série no Saeb (sistema de avaliação federal), elas verificaram que não houve diferenciação no desempenho dos estudantes cujos professores tinham graduação ou níveis superiores daqueles cujos docentes não possuíam nem o diploma universitário.
"A mesma conclusão está presente em diversos estudos internacionais", afirmou Felício. "Ainda não há uma explicação precisa para isso. Pode ser que as graduações e demais cursos estejam com uma qualidade ruim e, por isso, não tragam benefícios ao ensino." Os dados consideraram alunos da rede pública de todo o país entre os anos 1999 e 2003.
Pesquisador do Ibmec São Paulo, Eduardo de Carvalho Andrade afirmou que "tempo de carreira e título dizem pouco sobre a capacidade de o professor ensinar seus alunos".
Andrade disse ainda que "se o professor sentir dificuldade para evoluir salarialmente, pode começar a procurar "bicos", o que provavelmente prejudicará a qualidade de ensino".
Membro do Conselho Municipal de Educação, Marcos Mendonça afirmou que a obrigação de títulos para evolução na carreira é negativo. "Desvaloriza a experiência que o professor tem em sala de aula."
Já o professor da Faculdade de Educação da USP Cesar Minto disse que o professor deve buscar constantemente se atualizar. "A educação é viva, o professor precisa sempre buscar novos conhecimentos." Ele, porém, faz uma ressalva: "Para melhorar o ensino, o professor primeiro precisa ter boas condições salariais e de trabalho".
O secretário de Educação, Alexandre Schneider, afirma que a exigência de títulos terá impacto positivo porque a prefeitura terá como balizar seus cursos por meio dos resultados do "provão" do professor. "Saberemos exatamente as nossas deficiências e como atacá-las."
Sobre a pesquisa com base no desempenho dos estudantes, Schneider diz que os exames não captam se o professor fez bons ou maus cursos.


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