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Para pesquisadores, certificado não garante qualidade
DA REPORTAGEM LOCAL
O acúmulo de títulos e certificados pelos professores têm
pouco ou nenhum impacto na
qualidade de ensino, disseram
três dos quatro pesquisadores
ouvidos pela reportagem.
Até mesmo um diploma universitário do docente pode não
trazer benefícios aos estudantes. Esta conclusão está presente em um trabalho das pesquisadoras do Inep (instituto de
pesquisas do Ministério da
Educação) Fabiana de Felício e
Roberta Loboda Biondi.
Ao analisarem os desempenhos em matemática dos estudantes de 4ª série no Saeb (sistema de avaliação federal), elas
verificaram que não houve diferenciação no desempenho
dos estudantes cujos professores tinham graduação ou níveis
superiores daqueles cujos docentes não possuíam nem o diploma universitário.
"A mesma conclusão está
presente em diversos estudos
internacionais", afirmou Felício. "Ainda não há uma explicação precisa para isso. Pode ser
que as graduações e demais
cursos estejam com uma qualidade ruim e, por isso, não tragam benefícios ao ensino." Os
dados consideraram alunos da
rede pública de todo o país entre os anos 1999 e 2003.
Pesquisador do Ibmec São
Paulo, Eduardo de Carvalho
Andrade afirmou que "tempo
de carreira e título dizem pouco
sobre a capacidade de o professor ensinar seus alunos".
Andrade disse ainda que "se
o professor sentir dificuldade
para evoluir salarialmente, pode começar a procurar "bicos", o
que provavelmente prejudicará
a qualidade de ensino".
Membro do Conselho Municipal de Educação, Marcos
Mendonça afirmou que a obrigação de títulos para evolução
na carreira é negativo. "Desvaloriza a experiência que o professor tem em sala de aula."
Já o professor da Faculdade
de Educação da USP Cesar
Minto disse que o professor deve buscar constantemente se
atualizar. "A educação é viva, o
professor precisa sempre buscar novos conhecimentos." Ele,
porém, faz uma ressalva: "Para
melhorar o ensino, o professor
primeiro precisa ter boas condições salariais e de trabalho".
O secretário de Educação,
Alexandre Schneider, afirma
que a exigência de títulos terá
impacto positivo porque a prefeitura terá como balizar seus
cursos por meio dos resultados
do "provão" do professor. "Saberemos exatamente as nossas
deficiências e como atacá-las."
Sobre a pesquisa com base no
desempenho dos estudantes,
Schneider diz que os exames
não captam se o professor fez
bons ou maus cursos.
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