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Questão de prova no DF sobre "latifúndios do PT" irrita partido
Escola faz questão na qual PT é responsável por roubo de terras indígenas
RENATA GIRALDI
DA FOLHA ONLINE, EM BRASÍLIA
Com autorização da cúpula
nacional, o presidente do PT do
Distrito Federal, Chico Vigilante, afirmou ontem que vai processar judicialmente o Governo do Distrito Federal por supostamente incitar o preconceito em escolas públicas.
A reação foi provocada por
uma prova aplicada à 7ª série da
turma B do Centro de Ensino
do Bosque, da cidade-satélite
de São Sebastião.
Na prova, o PT é responsabilizado pelo suposto roubo de
terras indígenas.
A reportagem teve acesso ao
item da prova de matemática
questionado pelo partido.
"Os grandes latifúndios do
PT (Partido dos Trabalhadores) roubaram das terras indígenas importantes quantidades de hectares em Mato Grosso (região em torno do Parque
do Xingu). As matas nativas foram destruídas pelas queimadas para o plantio de soja e,
além disso, os grandes latifúndios ainda contaminam as nascentes dos rios que vão alimentar as diversas etnias indígenas
abrigadas no parque Indígena
do Xingu. Suponha que essas
fazendas produziram este ano
10.000 (dez mil) caixas de soja.
Quantas caixas chegarão ao
consumidor (matematicamente falando)?"
A questão era de múltipla escolha, com respostas variando
entre 3,9 caixas e 3.900 caixas.
Para Vigilante, na elaboração
do enunciado, o partido foi colocado de forma "preconceituosa com o intuito" de associar os aspectos negativos do
desmatamento de terras indígenas e as ações do partido.
"Estão querendo fazer uma
lavagem cerebral nos estudantes? Querem mudar os valores
utilizando o PT. Não vamos
aceitar isso. Já conversei com o
[Ricardo] Berzoini [presidente
nacional do PT] e vamos agir."
"Vamos cobrar explicações formais, exigir que não se faça juízo de valor, e queremos uma indenização por danos morais."
Outro lado
Informado sobre o conteúdo
do enunciado da prova, o secretário de Educação do Distrito
Federal, José Luiz Valente,
mostrou-se indignado.
À reportagem, Valente diz
que determinou a abertura de
uma sindicância interna para
apurar os responsáveis pela
questão. Também negou a existência de uma orientação de governo contra o PT.
"O que houve é inadmissível.
Nós, da secretaria [de Educação], temos uma relação excelente com a bancada do PT. Não
existe orientação alguma, pelo
contrário. Apesar das divergências, conseguimos estabelecer
uma relação de respeito e correção", disse Valente.
Segundo o secretário, os 28
mil professores da rede pública
de ensino do DF têm "total liberdade" para aplicar as provas.
"Mas é necessário respeitar
diferenças com honestidade,
transparência e correção como
fazemos normalmente", disse.
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