São Paulo, sexta-feira, 30 de novembro de 2007

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Questão de prova no DF sobre "latifúndios do PT" irrita partido

Escola faz questão na qual PT é responsável por roubo de terras indígenas

RENATA GIRALDI
DA FOLHA ONLINE, EM BRASÍLIA

Com autorização da cúpula nacional, o presidente do PT do Distrito Federal, Chico Vigilante, afirmou ontem que vai processar judicialmente o Governo do Distrito Federal por supostamente incitar o preconceito em escolas públicas.
A reação foi provocada por uma prova aplicada à 7ª série da turma B do Centro de Ensino do Bosque, da cidade-satélite de São Sebastião.
Na prova, o PT é responsabilizado pelo suposto roubo de terras indígenas.
A reportagem teve acesso ao item da prova de matemática questionado pelo partido.
"Os grandes latifúndios do PT (Partido dos Trabalhadores) roubaram das terras indígenas importantes quantidades de hectares em Mato Grosso (região em torno do Parque do Xingu). As matas nativas foram destruídas pelas queimadas para o plantio de soja e, além disso, os grandes latifúndios ainda contaminam as nascentes dos rios que vão alimentar as diversas etnias indígenas abrigadas no parque Indígena do Xingu. Suponha que essas fazendas produziram este ano 10.000 (dez mil) caixas de soja. Quantas caixas chegarão ao consumidor (matematicamente falando)?"
A questão era de múltipla escolha, com respostas variando entre 3,9 caixas e 3.900 caixas.
Para Vigilante, na elaboração do enunciado, o partido foi colocado de forma "preconceituosa com o intuito" de associar os aspectos negativos do desmatamento de terras indígenas e as ações do partido.
"Estão querendo fazer uma lavagem cerebral nos estudantes? Querem mudar os valores utilizando o PT. Não vamos aceitar isso. Já conversei com o [Ricardo] Berzoini [presidente nacional do PT] e vamos agir." "Vamos cobrar explicações formais, exigir que não se faça juízo de valor, e queremos uma indenização por danos morais."

Outro lado
Informado sobre o conteúdo do enunciado da prova, o secretário de Educação do Distrito Federal, José Luiz Valente, mostrou-se indignado.
À reportagem, Valente diz que determinou a abertura de uma sindicância interna para apurar os responsáveis pela questão. Também negou a existência de uma orientação de governo contra o PT.
"O que houve é inadmissível. Nós, da secretaria [de Educação], temos uma relação excelente com a bancada do PT. Não existe orientação alguma, pelo contrário. Apesar das divergências, conseguimos estabelecer uma relação de respeito e correção", disse Valente.
Segundo o secretário, os 28 mil professores da rede pública de ensino do DF têm "total liberdade" para aplicar as provas.
"Mas é necessário respeitar diferenças com honestidade, transparência e correção como fazemos normalmente", disse.


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