São Paulo, domingo, 30 de novembro de 2008

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ESTADO SUBMERSO

Defesa Civil registra mais 4 mortes; e busca está suspensa

Já são 109 mortos no Estado; em Ilhota, resgates estão suspensos por risco de deslizamentos

Segundo a Defesa Civil, há 19 desaparecidos; chegada de uma frente fria a partir de terça-feira deve intensificar as chuvas na região

Fernando Donasci-28.nov.2008/Folha Imagem
Bombeiros retornam de resgate em Ilhota na última sexta-feira

DA AGÊNCIA FOLHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BLUMENAU
DO ENVIADO ESPECIAL A ILHOTA

Após suspender as buscas na região de Ilhota, uma das mais atingidas pelas enchentes em Santa Catarina, a Defesa Civil do Estado anunciou que mais quatro corpos foram encontrados nas proximidades, onde há riscos de novos deslizamentos.
Com isso, o total de mortos em decorrência das chuvas que atingem Santa Catarina há uma semana chegou a 109, sendo 37 em Ilhota, número que a prefeitura da cidade já calculava antes das buscas serem suspensas. A previsão é de mais chuva para os próximos dias.
Ontem, equipes foram enviadas para resgatar 60 pessoas que estavam em suas casas na região do Braço do Baú. A avaliação era de que a continuação dos deslizamentos poderia colocá-las em risco.
Segundo a Defesa Civil Estadual, a suspeita é que as quatro pessoas tenham morrido soterradas no primeiro deslizamento ocorrido no outro final de semana. O segundo deslizamento ocorreu anteontem e matou outras quatro pessoas. São 37 o número de mortos na cidade.
A Defesa Civil ordenou a retirada de moradores de suas casas, mesmo à força.
Em Blumenau, outro município bem afetado, choveu durante toda a noite de anteontem. Ontem, garoou pela manhã. Com medo de novos temporais, moradores que ocupam um dos abrigos de Blumenau (139 km da capital) se reúnem em grupo para fazer terapia com psicólogos.
Segundo boletim da Defesa Civil de ontem, 1,5 milhão de pessoas foram atingidas pelas enchentes, o que corresponde a 25% da população do Estado. Desalojados e desabrigados somavam 78.707 e 19 estavam desaparecidos. São 14 municípios em estado de calamidade.
Desde o início da operação aérea, há uma semana, 19 helicópteros participam das buscas por sobreviventes -622 pessoas já foram retiradas de áreas de difícil acesso.
Na Catedral de Blumenau, que reúne 180 pessoas, psicólogos voluntários ouviam relatos sobre situações de impotência em relação à tragédia, insegurança pela volta da chuva e expectativa de retorno às casas.
"A gente tenta dar o suporte emocional com o acolhimento, a atenção ao problema. E há o questionamento: onde a pessoa pode se apegar para recomeçar a vida?", disse a psicóloga Maria Júlia Zimmermann.

Instabilidade
De hoje até amanhã, a previsão é de chuva fraca no leste do Estado. A partir da madrugada de terça, uma frente fria vinda do Rio Grande do Sul deve aumentar a intensidade da chuva, segundo o meteorologista Flávio Varone, do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).
De acordo com a última medição da Epagri, vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural de Santa Catarina, o nível dos rios das principais cidades atingidas continua diminuindo.
Em Blumenau, o rio Itajaí-Açu estava na altura dos 3,7 metros na manhã de ontem, abaixo do máximo de 6 metros.
O único rio monitorado que apresentava vazão acima de sua cota máxima era o Itajaí-Mirim, em Brusque, 9 cm acima dos 4 m considerados normais.
"Foram esses dois rios que provocaram a cheia. Sempre que um dos dois estiver acima do nível de alerta, há risco no Vale do Itajaí", disse Gerson Conceição, da Epagri.

(CÍNTIA ACAYABA, CRISTINA MORENO DE CASTRO, DIMITRI DO VALLE e ALENCAR IZIDORO)


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