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ESTADO SUBMERSO
Defesa Civil registra mais 4 mortes; e busca está suspensa
Já são 109 mortos no Estado; em Ilhota, resgates estão suspensos por risco de deslizamentos
Segundo a Defesa Civil, há 19 desaparecidos; chegada de uma frente fria a partir de terça-feira deve intensificar as chuvas na região
Fernando Donasci-28.nov.2008/Folha Imagem
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Bombeiros retornam de resgate em Ilhota na última sexta-feira
DA AGÊNCIA FOLHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BLUMENAU
DO ENVIADO ESPECIAL A ILHOTA
Após suspender as buscas na
região de Ilhota, uma das mais
atingidas pelas enchentes em
Santa Catarina, a Defesa Civil
do Estado anunciou que mais
quatro corpos foram encontrados nas proximidades, onde há
riscos de novos deslizamentos.
Com isso, o total de mortos
em decorrência das chuvas que
atingem Santa Catarina há uma
semana chegou a 109, sendo 37
em Ilhota, número que a prefeitura da cidade já calculava
antes das buscas serem suspensas. A previsão é de mais chuva
para os próximos dias.
Ontem, equipes foram enviadas para resgatar 60 pessoas
que estavam em suas casas na
região do Braço do Baú. A avaliação era de que a continuação
dos deslizamentos poderia colocá-las em risco.
Segundo a Defesa Civil Estadual, a suspeita é que as quatro
pessoas tenham morrido soterradas no primeiro deslizamento ocorrido no outro final de semana. O segundo deslizamento
ocorreu anteontem e matou
outras quatro pessoas. São 37 o
número de mortos na cidade.
A Defesa Civil ordenou a retirada de moradores de suas casas, mesmo à força.
Em Blumenau, outro município bem afetado, choveu durante toda a noite de anteontem. Ontem, garoou pela manhã. Com medo de novos temporais, moradores que ocupam
um dos abrigos de Blumenau
(139 km da capital) se reúnem
em grupo para fazer terapia
com psicólogos.
Segundo boletim da Defesa
Civil de ontem, 1,5 milhão de
pessoas foram atingidas pelas
enchentes, o que corresponde a
25% da população do Estado.
Desalojados e desabrigados somavam 78.707 e 19 estavam desaparecidos. São 14 municípios
em estado de calamidade.
Desde o início da operação
aérea, há uma semana, 19 helicópteros participam das buscas
por sobreviventes -622 pessoas já foram retiradas de áreas
de difícil acesso.
Na Catedral de Blumenau,
que reúne 180 pessoas, psicólogos voluntários ouviam relatos
sobre situações de impotência
em relação à tragédia, insegurança pela volta da chuva e expectativa de retorno às casas.
"A gente tenta dar o suporte
emocional com o acolhimento,
a atenção ao problema. E há o
questionamento: onde a pessoa
pode se apegar para recomeçar
a vida?", disse a psicóloga Maria Júlia Zimmermann.
Instabilidade
De hoje até amanhã, a previsão é de chuva fraca no leste do
Estado. A partir da madrugada
de terça, uma frente fria vinda
do Rio Grande do Sul deve aumentar a intensidade da chuva,
segundo o meteorologista Flávio Varone, do Inmet (Instituto
Nacional de Meteorologia).
De acordo com a última medição da Epagri, vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural
de Santa Catarina, o nível dos
rios das principais cidades atingidas continua diminuindo.
Em Blumenau, o rio Itajaí-Açu estava na altura dos 3,7
metros na manhã de ontem,
abaixo do máximo de 6 metros.
O único rio monitorado que
apresentava vazão acima de sua
cota máxima era o Itajaí-Mirim, em Brusque, 9 cm acima
dos 4 m considerados normais.
"Foram esses dois rios que
provocaram a cheia. Sempre
que um dos dois estiver acima
do nível de alerta, há risco no
Vale do Itajaí", disse Gerson
Conceição, da Epagri.
(CÍNTIA ACAYABA, CRISTINA MORENO DE
CASTRO, DIMITRI DO VALLE e ALENCAR
IZIDORO)
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