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Médico dorme três horas por dia
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BLUMENAU
"Deixa eu me esconder para
falar com você", diz o médico
Luciano Coelho, 39, que trabalha desde domingo como voluntário no abrigo improvisado
na Catedral de Blumenau.
As pessoas não param de procurá-lo no salão paroquial, entre elas vítimas da enchente,
outros voluntários, soldados do
Exército. Ele já perdeu a conta
de há quantas horas trabalha
direto. A conversa com a reportagem é interrompida. Ele precisa subir em um banco e pedir,
usando o microfone, para que
quatro voluntários apareçam
para limpar banheiros. A solicitação é atendida em segundos.
"Consigo dar pequenas escapadas de 40 minutos até minha
casa para rever minha mulher e
meus dois filhos [um de oito e
outro de dez anos]." O prédio
onde Coelho mora, no bairro de
classe média do Bom Retiro, ficou "ilhado" na semana passada. Ele conseguiu sair de seu
imóvel no sábado, a pé, e começou a ajudar primeiramente
nos postos de saúde. Sobre como está fazendo para dormir,
diz "de duas a três horinhas" ali
mesmo no abrigo.
"Temos de começar a pensar
na reconstrução da vida dessas
pessoas." Com lágrimas nos
olhos, ele pára por segundos
para ver atores no abrigo. "Por
isso que a gente tem orgulho de
ser brasileiro", diz o gastroenterologista, antes de caminhar
em outra direção. Mais pessoas
precisam dele.
(JER)
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