São Paulo, domingo, 30 de novembro de 2008

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Médico dorme três horas por dia

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BLUMENAU

"Deixa eu me esconder para falar com você", diz o médico Luciano Coelho, 39, que trabalha desde domingo como voluntário no abrigo improvisado na Catedral de Blumenau.
As pessoas não param de procurá-lo no salão paroquial, entre elas vítimas da enchente, outros voluntários, soldados do Exército. Ele já perdeu a conta de há quantas horas trabalha direto. A conversa com a reportagem é interrompida. Ele precisa subir em um banco e pedir, usando o microfone, para que quatro voluntários apareçam para limpar banheiros. A solicitação é atendida em segundos.
"Consigo dar pequenas escapadas de 40 minutos até minha casa para rever minha mulher e meus dois filhos [um de oito e outro de dez anos]." O prédio onde Coelho mora, no bairro de classe média do Bom Retiro, ficou "ilhado" na semana passada. Ele conseguiu sair de seu imóvel no sábado, a pé, e começou a ajudar primeiramente nos postos de saúde. Sobre como está fazendo para dormir, diz "de duas a três horinhas" ali mesmo no abrigo.
"Temos de começar a pensar na reconstrução da vida dessas pessoas." Com lágrimas nos olhos, ele pára por segundos para ver atores no abrigo. "Por isso que a gente tem orgulho de ser brasileiro", diz o gastroenterologista, antes de caminhar em outra direção. Mais pessoas precisam dele. (JER)


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