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Grupo no Rio trata agressor de mulher
Projeto-piloto do governo federal em Nova Iguaçu atende 12 homens com histórico de violência contra companheiras
Objetivo do atendimento é reduzir a reincidência de casos; atendimento, porém, não substitui a pena imposta ao agressor
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
Após dois anos de aprovação
da Lei Maria da Penha, o governo federal implementou o primeiro centro público de atendimento de agressores de mulheres, como determina a lei. O
objetivo é diminuir a reincidência dos autores de crimes de
violência contra mulheres.
O projeto-piloto -que se
aprovado será modelo para todo o país- foi implantado há
um mês em Nova Iguaçu (Baixada Fluminense). Com verba
de R$ 1,1 milhão da Senasp (Secretaria Nacional de Segurança
Pública), a prefeitura vai implementar o programa até 2009 e
atender até 900 homens.
Segundo dados da Secretaria
Especial de Políticas Públicas
para as Mulheres, mais de 18
mil relataram ao centro de
atendimento do governo (telefone 180) terem sofrido alguma
violência. Muitos casos, para a
secretaria, são de homens reincidentes, o que se pretende
combater com o projeto.
"Quando uma mulher encerra o ciclo de violência saindo de
casa, ou qualquer outra coisa,
esse mesmo agressor arruma
outra mulher e a espanca. Não
temos dados estatísticos sobre
isso, mas é algo que está permanentemente nos serviços públicos", afirmou a subsecretária
de Enfrentamento à Violência
da SPM, Aparecida Gonçalves.
A metodologia aplicada em
Nova Iguaçu foi criada por
ONGs, e já é usada experimentalmente há nove anos no Rio,
São Paulo e Recife. Mas é a primeira vez que o poder público
oferece o serviço como determina a Lei Maria da Penha.
Pena
O atendimento não substitui
a pena imposta ao agressor pelo
juiz, mas pode ser a única determinação do magistrado em
alguns casos. No entanto, gestores municipais e federais
apresentam divergências em
relação ao público que o centro
poderá receber.
Fernando Acosta, diretor do
Serh (Serviço de Educação e
Responsabilização para Homens Autores de Violência Doméstica contra a Mulher) de
Nova Iguaçu, considera importante aceitar não apenas homens encaminhados pela Justiça mas também voluntários
(que já tenham passagem por
delegacias especializadas de
atendimento à mulher ou não).
"Os encaminhados pela Justiça, chegam se sentindo injustiçados. Eles têm uma grande
resistência ao programa, o que
dura por uns oito encontros.
(...) Os voluntários já chegam
sabendo que algo não está bem
com eles. No diálogo com os outros, eles servem de contraponto. Uma coisa é um psicólogo,
um psicanalista, um educador
facilitar uma conversa para que
o homem perceba que algo não
está bem com ele."
Já Gonçalves acredita que o
encaminhamento deve ser feito apenas pela Justiça. "A responsabilização não pode ser da
minha cabeça, da cabeça de
uma psicóloga, da cabeça de alguém da área de saúde. A responsabilização tem que ser judicial, porque senão vamos começar o período da inquisição."
Segundo Acosta, o primeiro
grupo de discussão formado em
Nova Iguaçu por 12 homens
têm sete encaminhados pela
Justiça e cinco voluntários.
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