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SP combate poluição da pizza e da picanha
Prefeitura paulistana começa a mapear churrascarias, pizzarias e outros micropoluidores para evitar queixa de vizinho
Fumaça que incomoda morador pode gerar multa de até R$ 500 mil; plano busca fazer comerciante
seguir normas para fornos
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois do cigarro, é a fumaça
incômoda de fornos a lenha que
fizeram a fama de milhares de
pizzarias, churrascarias, padarias e restaurantes de São Paulo
que entra na mira dos fiscais da
prefeitura paulistana.
Pela primeira vez, a prefeitura vai mapear os micropoluidores -aqueles que lançam pouca
fumaça, mas em volume suficiente para perturbar a vizinhança e aumentar aquela névoa quase diária na cidade.
De pizza em pizza, as quase
6.000 pizzarias de São Paulo
consomem uma enorme quantidade de lenha -mesmo uma
simples, de mussarela, chega a
consumir 1 kg de madeira.
A fumaça que no início parece perfumar a casa com aquele
cheiro bom de pizza fresca vai,
aos poucos, se revelando inimiga, conta o professor Luiz Vadico, pesquisador da faculdade
Anhembi Morumbi, que mora
em Moema, bem próximo a casas que somam cinco fornos.
"Fiquei com problema respiratório. No inverno, você vê a
neblina do meu apartamento
[18º andar]. Começa leve, mas
depois você vai percebendo. E
tem de aguentar até as 22h", diz
o também blogueiro Vadico.
No Ipiranga (zona sul de SP),
um conflito morador versus
pizzaria entrou para o folclore
do bairro. M. M.J., irritado com
um forno bem ao lado de casa,
colocou uma faixa dizendo que
o local poluía o bairro.
Inconformada, a dona da pizzaria foi à Justiça para obrigar o
incomodado a retirar a faixa.
Entre discussões e laudos, a comerciante venceu, e a Justiça
condenou M.M.J. a retirar o
protesto da fachada da casa, sob
pena de multa diária de R$ 50.
Esses casos são a principal
razão para o programa, diz a
médica Clarice Umbelino de
Freitas, que coordena o projeto
na Covisa (Coordenadoria de
Vigilância Sanitária) da Prefeitura de São Paulo.
São cerca de 70 reclamações
por ano na Covisa, mas o número é bem maior, porque as pessoas podem se queixar nas subprefeituras, pelo telefone 156 e
na Secretaria do Verde.
Segundo Clarice, um piloto
do projeto será iniciado pelas
subprefeituras da Vila Mariana
e do Ipiranga. "Vamos mapear
todos os micropoluidores, fazer
reuniões e distribuir cartilhas.
Há um desconhecimento das
normas para manter fornos."
Churrascarias são obrigadas,
por exemplo, a não usar madeira de restos de construção, que
têm resíduos de tintas e solventes e podem deixar cheiro no
alimento. Também é necessário instalar filtros no forno e
manter chaminés que mandem
a poluição para longe das casas.
Multa alta
As multas, em caso de descumprimento, são pesadas e
podem alcançar R$ 500 mil,
mas geralmente esse valor cai
muito porque é renegociado e
as autuações normalmente
buscam obrigar o estabelecimento a se enquadrar.
Em maio de 2008, a Secretaria do Verde aplicou multa de
R$ 20 mil a um restaurante em
Santa Cecília, porque a fumaça
era percebida pelos vizinhos.
Em janeiro, a multa caiu para
R$ 2.000 depois que o local se
comprometeu a instalar o sistema de controle de poluentes e
apresentar ao menos um relatório a cada seis meses.
Esses embates morador/fumaça poderiam ser menos frequentes se a prefeitura tivesse
adotado o programa antes, avalia Adilson Barboza, diretor-executivo da Associação das
Pizzarias Unidas de São Paulo.
"Fui à prefeitura tentar saber, mas ninguém conseguiu
dizer como deve ser uma pizzaria. É positivo que haja o programa. Não queremos incomodar." Mesmo sem regras claras,
diz ele, o setor vem se adaptando com a troca de fornos a lenha pelos a gás e usando madeira especial. "Usamos biomassa
de baixa emissão de poluentes."
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