São Paulo, segunda-feira, 30 de novembro de 2009

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Bando se passa por polícia e solta 30 presos

Oito homens armados fingem ser policiais civis e libertam detentos da carceragem da Polinter, na zona norte do Rio

Bandidos se vestiram de agentes e renderam os 2 plantonistas; 3 presos foram recapturados, 2 desistiram da fuga e 25 estão foragidos


BRUNO CUNHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Numa ação cinematográfica, oito homens armados com fuzis se fingiram de policiais civis e libertaram ontem 30 presos da carceragem da Polinter, no Grajaú, na zona norte do Rio. Três foram recapturados e dois desistiram da fuga na porta da cadeia. Outros 25, porém, ainda estão foragidos.
O grupo chegou ao local às 10h e rendeu os dois únicos plantonistas da unidade. Eles estavam vestidos com roupas idênticas às dos agentes, camisa cinza, calça preta e até coturno. O bando trouxe ainda um homem algemado, mal vestido e descalço, que foi apresentado como preso na portaria.
Para que o portão fosse aberto, mostraram aos plantonistas documentos falsos, que atestavam a permanência do preso na unidade. Segundo a polícia, o falso preso seria um morador de rua que teria sido obrigado pelo bando a participar da ação.
Enquanto seis bandidos entravam na unidade, outros dois davam cobertura do lado de fora. Utilizando um alicate grande, o grupo arrombou os cadeados de cinco das dez celas, libertando os 30 detentos. No momento da ação, havia 150 presos na carceragem.
Em seguida, alguns detentos fugiram com o bando em um Astra prata e em um Corolla preto. Outros correram pela rua Visconde de Santa Isabel, onde fica a carceragem. A unidade foi construída embaixo do Morro dos Macacos.
Após a ação, os plantonistas tentaram recapturar alguns fugitivos. Um deles foi encontrado dentro de um ônibus, na mesma rua. Outros dois, na rua Teodoro da Silva, no mesmo bairro. Os três serão transferidos para a carceragem da Polinter de Neves, em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio. Os desistentes permanecerão presos no Grajaú.
Os bandidos teriam saído do morro da Mangueira e da favela do Jacaré. As duas comunidades também ficam na zona norte. A polícia ainda está investigando quem são os presos que motivaram o plano do grupo.
O caso foi registrado na 18ª DP (praça da Bandeira), que funciona como central de flagrantes, mas será investigado pela própria Polinter.

Vulnerável
Em entrevista coletiva ontem na delegacia, o coordenador de controle de presos da Polinter, delegado Orlando Zaccone, admitiu a vulnerabilidade das carceragens.
Segundo ele, hoje os presos são recebidos na Polinter mediante apenas o acompanhamento de policiais militares.
"Precisamos mudar o procedimento. Será preciso criar um mecanismo de segurança maior. Algo que não dê acesso imediato a uma pessoa vestida com roupa de policial. Quem sabe um código de identificação de presos nas delegacias?"
Zaccone afirmou que o número de plantonistas nas carceragens costuma mesmo ser reduzido. "Não é suficiente a quantidade de policiais. Mas policial corre risco em qualquer lugar. Não temos bola de cristal. Poderiam ter seis, sete ou oito, eles iriam entrar de qualquer maneira. Estavam vestidos de policiais e ainda trouxeram um preso."
Na coletiva, ele apresentou os cinco fugitivos e os dois plantonistas. Os policiais disseram não terem visto os dois veículos usados na fuga. Os carros estavam em uma rua próxima.


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