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Bando se passa por polícia e solta 30 presos
Oito homens armados fingem ser policiais civis e libertam detentos da carceragem da Polinter, na zona norte do Rio
Bandidos se vestiram de agentes e renderam os 2 plantonistas; 3 presos foram recapturados, 2 desistiram da fuga e 25 estão foragidos
BRUNO CUNHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Numa ação cinematográfica,
oito homens armados com fuzis se fingiram de policiais civis
e libertaram ontem 30 presos
da carceragem da Polinter, no
Grajaú, na zona norte do Rio.
Três foram recapturados e dois
desistiram da fuga na porta da
cadeia. Outros 25, porém, ainda
estão foragidos.
O grupo chegou ao local às
10h e rendeu os dois únicos
plantonistas da unidade. Eles
estavam vestidos com roupas
idênticas às dos agentes, camisa cinza, calça preta e até coturno. O bando trouxe ainda um
homem algemado, mal vestido
e descalço, que foi apresentado
como preso na portaria.
Para que o portão fosse aberto, mostraram aos plantonistas
documentos falsos, que atestavam a permanência do preso na
unidade. Segundo a polícia, o
falso preso seria um morador
de rua que teria sido obrigado
pelo bando a participar da ação.
Enquanto seis bandidos entravam na unidade, outros dois
davam cobertura do lado de fora. Utilizando um alicate grande, o grupo arrombou os cadeados de cinco das dez celas, libertando os 30 detentos. No
momento da ação, havia 150
presos na carceragem.
Em seguida, alguns detentos
fugiram com o bando em um
Astra prata e em um Corolla
preto. Outros correram pela
rua Visconde de Santa Isabel,
onde fica a carceragem. A unidade foi construída embaixo do
Morro dos Macacos.
Após a ação, os plantonistas
tentaram recapturar alguns fugitivos. Um deles foi encontrado dentro de um ônibus, na
mesma rua. Outros dois, na rua
Teodoro da Silva, no mesmo
bairro. Os três serão transferidos para a carceragem da Polinter de Neves, em São Gonçalo,
na região metropolitana do Rio.
Os desistentes permanecerão
presos no Grajaú.
Os bandidos teriam saído do
morro da Mangueira e da favela
do Jacaré. As duas comunidades também ficam na zona norte. A polícia ainda está investigando quem são os presos que
motivaram o plano do grupo.
O caso foi registrado na 18ª
DP (praça da Bandeira), que
funciona como central de flagrantes, mas será investigado
pela própria Polinter.
Vulnerável
Em entrevista coletiva ontem na delegacia, o coordenador de controle de presos da
Polinter, delegado Orlando
Zaccone, admitiu a vulnerabilidade das carceragens.
Segundo ele, hoje os presos
são recebidos na Polinter mediante apenas o acompanhamento de policiais militares.
"Precisamos mudar o procedimento. Será preciso criar um
mecanismo de segurança
maior. Algo que não dê acesso
imediato a uma pessoa vestida
com roupa de policial. Quem
sabe um código de identificação de presos nas delegacias?"
Zaccone afirmou que o número de plantonistas nas carceragens costuma mesmo ser
reduzido. "Não é suficiente a
quantidade de policiais. Mas
policial corre risco em qualquer lugar. Não temos bola de
cristal. Poderiam ter seis, sete
ou oito, eles iriam entrar de
qualquer maneira. Estavam
vestidos de policiais e ainda
trouxeram um preso."
Na coletiva, ele apresentou
os cinco fugitivos e os dois
plantonistas. Os policiais disseram não terem visto os dois veículos usados na fuga. Os carros
estavam em uma rua próxima.
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