São Paulo, sábado, 30 de dezembro de 2006

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Após ataques, empresas retiram ônibus

DA SUCURSAL DO RIO

Na Central do Brasil, principal ponto de transportes do Rio, a 1h20 de ontem, centenas de pessoas esperavam de pé a chegada da condução para voltar para casa. Quando aparecia um ônibus, havia correria e empurra-empurra. Todos saíam lotados do ponto.
O técnico em telecomunicações Gustavo Paulino, 28, aguardava desde as 22h a chegada do transporte para o Realengo (zona oeste). Já desistira de tomar o ônibus na Praça Tiradentes e caminhara até a Central para ter mais opções. O medo da violência, porém, prolongava a sua espera, que já passava de três horas quando a Folha conversou com ele.
"Estou evitando a avenida Brasil [via expressa que liga o centro às zonas norte e oeste], porque é muito perigoso. Tenho medo de tiroteios", disse.
Maurício Bueno, 34, morador da Pavuna (zona oeste), já esperava havia duas horas e 20 minutos pelo ônibus que costuma vir de 15 em 15 minutos. "Pelo jeito, tiraram de circulação. Já desisti e vou pegar um para Vilar dos Teles, para de lá tomar outro até em casa", afirmou.
Para chegar à Central, Maurício tinha caminhado cerca de 2 km. Na estação, uma patrulha da Polícia Militar, com dois homens de fuzis nas mãos, fazia a guarda da região.
Pelas delegacias e batalhões da cidade, a tensão era evidente. Barricadas com armações de metal e carros e policiais armados faziam a segurança.
Um PM do Batalhão de Trânsito, vizinho à 6ª Delegacia de Polícia (alvo de atentados na véspera) abordou o carro de reportagem da Folha com fuzil. "Não pode parar aqui, não! A gente não sabe quem é quem", explicou, tenso.
A rua da Relação, onde fica a sede da Polícia Civil, foi bloqueada por carros, um blindado, e 12 homens.

Seguro
No Rio, o risco das viações terem seus ônibus queimados é tão alto que elas não fazem seguro da frota por causa do preço elevado da apólice. De 2000 a 2006, 318 veículos foram incendiados no Estado, a maioria na região metropolitana. O prejuízo chega a R$ 47 milhões.
Neste ano, 19 ônibus foram queimados -desses, 11 entre a noite de quarta-feira e a madrugada de sexta durante a onda de ataques, segundo a Fetranspor (Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado). Em 2005, foram 24. O recorde foi em 2003: 87.


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