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Após ataques, empresas retiram ônibus
DA SUCURSAL DO RIO
Na Central do Brasil,
principal ponto de transportes do Rio, a 1h20 de
ontem, centenas de pessoas esperavam de pé a
chegada da condução para
voltar para casa. Quando
aparecia um ônibus, havia
correria e empurra-empurra. Todos saíam lotados do ponto.
O técnico em telecomunicações Gustavo Paulino,
28, aguardava desde as
22h a chegada do transporte para o Realengo (zona oeste). Já desistira de
tomar o ônibus na Praça
Tiradentes e caminhara
até a Central para ter mais
opções. O medo da violência, porém, prolongava a
sua espera, que já passava
de três horas quando a Folha conversou com ele.
"Estou evitando a avenida Brasil [via expressa que
liga o centro às zonas norte e oeste], porque é muito
perigoso. Tenho medo de
tiroteios", disse.
Maurício Bueno, 34,
morador da Pavuna (zona
oeste), já esperava havia
duas horas e 20 minutos
pelo ônibus que costuma
vir de 15 em 15 minutos.
"Pelo jeito, tiraram de circulação. Já desisti e vou
pegar um para Vilar dos
Teles, para de lá tomar outro até em casa", afirmou.
Para chegar à Central,
Maurício tinha caminhado cerca de 2 km. Na estação, uma patrulha da Polícia Militar, com dois homens de fuzis nas mãos,
fazia a guarda da região.
Pelas delegacias e batalhões da cidade, a tensão
era evidente. Barricadas
com armações de metal e
carros e policiais armados
faziam a segurança.
Um PM do Batalhão de
Trânsito, vizinho à 6ª Delegacia de Polícia (alvo de
atentados na véspera)
abordou o carro de reportagem da Folha com fuzil.
"Não pode parar aqui, não!
A gente não sabe quem é
quem", explicou, tenso.
A rua da Relação, onde
fica a sede da Polícia Civil,
foi bloqueada por carros,
um blindado, e 12 homens.
Seguro
No Rio, o risco das viações terem seus ônibus
queimados é tão alto que
elas não fazem seguro da
frota por causa do preço
elevado da apólice. De
2000 a 2006, 318 veículos
foram incendiados no Estado, a maioria na região
metropolitana. O prejuízo
chega a R$ 47 milhões.
Neste ano, 19 ônibus foram queimados -desses,
11 entre a noite de quarta-feira e a madrugada de
sexta durante a onda de
ataques, segundo a Fetranspor (Federação das
Empresas de Transporte
de Passageiros do Estado).
Em 2005, foram 24. O recorde foi em 2003: 87.
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