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Anac agora minimiza culpa do overbooking
Agência reguladora diz, em relatório de auditoria, que quebra de 6 aviões da TAM foi principal motivo de caos no Natal
Segundo texto, só 2,6% dos vôos da empresa tiveram venda de passagens acima da capacidade; companhias vêem relatório com reserva
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Após criticar severamente o
overbooking, a Anac (Agência
Nacional de Aviação Civil) disse, em relatório realizado com
base em uma auditoria feita nas
companhias, que a prática não
causou a crise aérea no Natal. O
resultado da auditoria, feita para detectar as razões do problema, nem cita os fretamentos,
recém-proibidos pelo governo.
Segundo o documento, obtido pela reportagem, o problema se originou com os seis
aviões da companhia que ficaram no chão para manutenção
não-programada no último dia
20. Isso teria gerado "impactos
em cadeia" na malha da empresa. O problema, diz o relatório,
é que a TAM não tinha uma
previsão de contingência para
uma situação como essa.
"Os reflexos desse problema
[aviões parados para manutenção] desencadearam o "efeito
dominó", uma vez que cancelamentos e fusionamentos de vários vôos resultaram na quebra
da malha planejada da concessionária, que hoje detém 50%
do mercado. Isso causou sobrecarga no processo de readequação da malha, que resultou em
repetidos cancelamentos."
A conclusão é que, como a
TAM não tinha plano B, e como
a Gol trabalha com alta utilização de seus aviões, os passageiros não puderam ser acomodados, e o impacto foi proporcional à dimensão da companhia.
"Com relação à prática de
overbooking, a FTA [força-tarefa instituída para a auditoria]
não identificou nos sistemas de
vendas e reservas das concessionárias mencionadas níveis
capazes de comprometer a fluidez das respectivas operações."
Auditoria
Apesar de a auditoria ter sido
realizada também na Varig,
Gol, BRA e Ocean Air, o relatório olha mais a situação da
TAM (e nenhum problema é
apontado nessas outras companhias). Segundo a Folha apurou, os técnicos da Anac passaram somente uma hora em algumas das outras companhias
e nem teriam ido a outras.
O relatório aponta que, dos
4.842 vôos da TAM na semana
de 18 a 25 deste mês (pico do
Natal), apenas 2,6% apresentaram overbooking, que variou
entre 1% e 7%, média de 4%,
percentual considerado baixo.
Para explicar a crise deste
mês, o texto lembra problemas
como o encolhimento da Varig
neste ano, a impossibilidade de
distribuir os horários e espaços
desta última nos aeroportos
por uma briga na Justiça e o
acidente com o avião da Gol,
que precipitou a operação-padrão dos controladores de vôo.
"Essa crise não teve origem
em uma causa isolada, mas sim
em vários fatores que contribuíram para o resultado caótico, nunca antes ocorrido na
história da aviação civil", diz
trecho do texto, citando também que a taxa de ocupação
dos aviões foi de 70%, para uma
média histórica de 62%.
Crescimento
A TAM possuía 30% do mercado em março. Atualmente
detém 50% de participação nos
vôos domésticos. A avaliação de
alguns especialistas é que ninguém cresce tanto em pouco
tempo sem ter problema operacional.
O relatório da Anac, órgão regulador da aviação civil, foi recebido com muita reserva no
setor. Em primeiro lugar, a avaliação, extra-oficialmente, é
que seis aviões parados não
causariam um problema na dimensão do ocorrido com a
TAM. "Na prática são quatro
aviões, já que a manutenção de
dois deles estava programada,
ou seja, a companhia já trabalhava com essa possibilidade",
afirma um executivo do setor.
A avaliação é que o relatório
acabou sendo até favorável à
companhia. TAM e Gol, de
acordo com uma fonte, teriam
recebido o relatório "com um
sorriso de orelha a orelha".
Anteontem, a Anac havia
anunciado que só divulgaria o
resultado da auditoria na semana que vem. Segundo o relatório, entre as medidas preventivas adotadas pela TAM para
evitar problemas no Réveillon
estariam a prorrogação da manutenção de alguns aviões para
depois de 2 de janeiro e a suspensão das vendas de vôos nos
dias 29 e 30 de dezembro.
Colaborou IURI DANTAS , da Sucursal de
Brasília
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