São Paulo, domingo, 30 de dezembro de 2007

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Piscinão de Ramos reabre e o comércio tenta se recuperar

Estrela do verão carioca de 2002, praia artificial passou seis meses fechada ao ser passada do Estado para o município; moradores reclamam da falta de lazer

Rafael Andrade - 18.dez.2007/Folha Imagem
João de Deus arruma cadeiras que aluga em seus quiosques, os mais bem localizados do piscinão; "Faz seis meses que só tenho prejuízo'


ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

No verão carioca de 2002, só se falava no piscinão de Ramos. Inaugurado com pompa e circunstância pelo então governador -e presidenciável- Anthony Garotinho, a praia artificial na zona norte do Rio atraiu holofotes e foi até cenário para a novela das oito.
Neste ano, o verão já começou, mas os moradores de Ramos só anteontem, após seis meses de fechamento, começaram a ver a cor da água.
O motivo da demora na reabertura do lago foi a sua transferência da administração do Estado para a da prefeitura.
Muitos moradores e comerciantes não agüentavam mais esperar. "Faz seis meses que só tenho prejuízo. Tinha dias em que só apareciam três ou quatro fregueses. Atrasei o aluguel vários meses", reclama João de Deus dos Santos, 47, que aluga um dos quiosques mais bem localizados do piscinão.
A população das favelas ao redor também reclama do fechamento. "Em dias de sol, tinha que pegar o carro e levar as crianças para Copacabana. Mas é tudo muito mais caro por lá", diz Ailton Barreto, 28, morador da favela Roquete Pinto.
Sem carro e sem vontade de pegar um ônibus para ir à zona sul, Valéria de Souza, 39, não teve alternativa. "A gente acabava ficando em casa e não fazendo nada".

Abacaxi
Uma das primeiras decisões da secretaria estadual de Meio Ambiente na troca de governo foi passar adiante o que, para muitos, é considerado um abacaxi. O próprio governador Sérgio Cabral Filho, ao comentar a transferência de outro piscinão para a prefeitura de São Gonçalo, disse ter dado um "presente de grego", após o município ter reclamado do atraso de verbas que o Estado havia prometido.
"Não fazia sentido nenhum os piscinões [de Ramos e São Gonçalo] serem administrados pelo Estado e, muito menos, pela Secretaria de Meio Ambiente. Estávamos usando recursos de um fundo de recuperação ambiental para fazer a manutenção de um parque recreativo. Aquilo nos custava R$ 400 mil por mês, sendo R$ 250 mil só em Ramos", afirma Carlos Abenza, diretor de obras da Serla (Superintendência Estadual de Rios e Lagoas).
Foi justamente essa transição do Estado para a prefeitura, finalizada em agosto, que atrasou a manutenção do lago.

Limpeza
O piscinão é abastecido por 32 milhões de litros d'água -volume que tem que passar por um tratamento químico, uma vez que sua origem é a poluída baía de Guanabara.
"Quando chega maio e junho, o piscinão é sempre fechado para manutenção. Como passamos para o município a administração e não sabíamos se eles iam continuar com a mesma empresa que faz o tratamento da água, não fizemos a limpeza", diz Abenza.
Hudson Magalhães, nomeado administrador do local pela prefeitura, reclama das condições em que o município recebeu o piscinão. "Estava tudo quebrado e abandonado."
A Secretaria Municipal de Obras diz que foi preciso fazer reparos e desinfetar a areia para a piscina voltar a receber, nos finais de semana com sol a pino, até 60 mil banhistas.


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