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Bandidos desenterram da areia
chaves de surfistas e levam o carro
Entre janeiro e junho foram 26 casos de furto de veículos em São Sebastião
FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO SEBASTIÃO
No ultimo dia 27 de maio, o
administrador paulistano Lúcio (nome fictício), 38, saiu cedo de casa em busca das disputadas ondas da praia de Camburi, em São Sebastião (214 km
de SP), no litoral norte do Estado. Chegou ao local às 7h e repetiu uma rotina de 20 anos:
enrolou as chaves do carro em
um plástico, enterrou na areia e
foi para o mar.
Ao deixar a água, duas horas
depois, Lúcio procurou pelas
chaves, mas elas haviam sumido. Correu para o local onde havia estacionado seu Toyota
Fielder, mas o carro também
não estava lá. Lúcio havia se
tornado vítima de uma quadrilha especializada no furto de
carros de surfistas que freqüentam as praias de São Sebastião.
Entre janeiro e junho foram
26 casos na região, segundo a
Polícia Civil. Todas as vítimas
eram surfistas que, escondendo as chaves do carro, facilitaram a ação de ladrões. O número representa 55% dos furtos
de veículos em São Sebastião
no primeiro semestre -47.
A praia de Camburi, uma das
preferidas dos surfistas, é a
mais visada. Metade desses furtos (13) foi registrada ali. Em
segundo está a Baleia, com quatro casos. O delegado Múcio
Mattos disse acreditar que os
furtos sejam ação de uma quadrilha apenas. Afirmou que os
criminosos agem no final de semana e chegam cedo à praia.
Eles observam o local de esconderijo, esperam que o surfista
entre na água e levam o carro.
"Para evitar que o contato
com a água do mar danifique as
chaves do veículo, os surfistas
costumam escondê-las. Normalmente são enterradas, colocadas sobre um dos pneus do
carro ou então no compartimento da tampa do tanque de
combustível", disse o delegado.
Os furtos, segundo a polícia,
são mais freqüentes no início
da manhã. Como são comunicados apenas duas ou três horas após o crime, a localização
dos carros é difícil. "Também
complica o fato de o surfista
deixar o documento no carro.
Além de tempo para fugir, caso
seja parado em uma blitz, o criminoso apresentará o documento de um carro sobre o qual
não há queixa e será liberado."
Investigações apontam que a
quadrilha é baseada em cidades
do litoral sul, como Santos e
Guarujá. Dos 26 carros de surfistas furtados em São Sebastião de janeiro a junho, 13 foram localizados, e a maioria (a
polícia não precisou o número)
estava nessas cidades.
A Folha esteve em Camburi
na última quinta. O engenheiro
agrônomo Marcelo Maciel, 31,
se alongava quando a reportagem o informou sobre os furtos. Rapidamente, mexeu na
areia e tirou as chaves que enterrara. "Vou ter que entrar na
água com as chaves no bolso. Se
estragar, paciência", disse.
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