São Paulo, domingo, 30 de dezembro de 2007

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Bandidos desenterram da areia chaves de surfistas e levam o carro

Entre janeiro e junho foram 26 casos de furto de veículos em São Sebastião

FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO SEBASTIÃO

No ultimo dia 27 de maio, o administrador paulistano Lúcio (nome fictício), 38, saiu cedo de casa em busca das disputadas ondas da praia de Camburi, em São Sebastião (214 km de SP), no litoral norte do Estado. Chegou ao local às 7h e repetiu uma rotina de 20 anos: enrolou as chaves do carro em um plástico, enterrou na areia e foi para o mar.
Ao deixar a água, duas horas depois, Lúcio procurou pelas chaves, mas elas haviam sumido. Correu para o local onde havia estacionado seu Toyota Fielder, mas o carro também não estava lá. Lúcio havia se tornado vítima de uma quadrilha especializada no furto de carros de surfistas que freqüentam as praias de São Sebastião.
Entre janeiro e junho foram 26 casos na região, segundo a Polícia Civil. Todas as vítimas eram surfistas que, escondendo as chaves do carro, facilitaram a ação de ladrões. O número representa 55% dos furtos de veículos em São Sebastião no primeiro semestre -47.
A praia de Camburi, uma das preferidas dos surfistas, é a mais visada. Metade desses furtos (13) foi registrada ali. Em segundo está a Baleia, com quatro casos. O delegado Múcio Mattos disse acreditar que os furtos sejam ação de uma quadrilha apenas. Afirmou que os criminosos agem no final de semana e chegam cedo à praia. Eles observam o local de esconderijo, esperam que o surfista entre na água e levam o carro.
"Para evitar que o contato com a água do mar danifique as chaves do veículo, os surfistas costumam escondê-las. Normalmente são enterradas, colocadas sobre um dos pneus do carro ou então no compartimento da tampa do tanque de combustível", disse o delegado.
Os furtos, segundo a polícia, são mais freqüentes no início da manhã. Como são comunicados apenas duas ou três horas após o crime, a localização dos carros é difícil. "Também complica o fato de o surfista deixar o documento no carro. Além de tempo para fugir, caso seja parado em uma blitz, o criminoso apresentará o documento de um carro sobre o qual não há queixa e será liberado."
Investigações apontam que a quadrilha é baseada em cidades do litoral sul, como Santos e Guarujá. Dos 26 carros de surfistas furtados em São Sebastião de janeiro a junho, 13 foram localizados, e a maioria (a polícia não precisou o número) estava nessas cidades.
A Folha esteve em Camburi na última quinta. O engenheiro agrônomo Marcelo Maciel, 31, se alongava quando a reportagem o informou sobre os furtos. Rapidamente, mexeu na areia e tirou as chaves que enterrara. "Vou ter que entrar na água com as chaves no bolso. Se estragar, paciência", disse.


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