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Ano foi bom, mas faltou dinheiro, diz Kassab
Prefeito faz avaliação positiva de 2009, apesar da crise na limpeza urbana, dos recuos e dos alagamentos constantes na cidade
Segundo ele, ano que vem será melhor do ponto de vista financeiro; haverá aumento do IPTU e das passagens de ônibus
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar dos bairros alagados
na zona leste, da crise financeira da prefeitura, do aumento da
sujeira, do IPTU e da tarifa de
ônibus e do fim da restituição
da taxa da inspeção veicular,
São Paulo vai terminar 2009
melhor que começou, diz o prefeito Gilberto Kassab (DEM).
Em entrevista à Folha, Kassab afirma que faltou dinheiro
neste ano, por isso, o crescimento da cidade foi menor que
o esperado, mas que 2010 vai
ser melhor, com uma situação
financeira mais equilibrada.
Leia abaixo trechos da entrevista, concedida ontem à tarde,
em que ele critica quem o chama de prefeito ioiô e defende a
candidatura de Aloysio Nunes
(PSDB) ao governo paulista.
A íntegra pode ser acessada
em www.folha.com.br/0936312.
FOLHA - Em seu discurso de posse o
sr. dizia que ia fazer de tudo para fazer a cidade de São Paulo melhor em
2009 que em 2008.
GILBERTO KASSAB - E está acabando melhor. Com certeza. Na
saúde tivemos o aumento dos
programas, novos parceiros para a rede. Na educação, a mesma coisa: novas escolas, novos
CEUs em funcionamento, mais
vagas em creche.
A cidade está melhor. O trânsito melhorou. A Lei dos Fretados deu certo, a Cidade Limpa
se consolidou, a inspeção veicular se consolidou, criamos
mais parques. Melhorou. Vai
falar: "Poxa vida, mas não foi o
mesmo ritmo de crescimento".
É, não foi, mas avançou de
acordo com as possibilidades
do nosso Orçamento.
FOLHA - A cidade encerra o ano
com a imagem de ser suja e alagada.
KASSAB - A imagem é errada. A
cidade não está suja. O tema da
limpeza urbana quem levantou
fui eu. Nós investimos em saúde R$ 3,6 bilhões e, em limpeza
urbana, R$ 1,2 bilhão. Não é
possível que numa cidade que
não é rica, onde mais de 7 milhões de pessoas dependem dos
serviços de saúde, você gaste
apenas três vezes mais.
Eu procuro sempre alertar a
cidade que se deve tomar cuidado porque o lobby das empreiteiras é muito presente, e
os usuários que dependem do
sistema público de saúde não
têm lobby.
FOLHA - E os bairros alagados?
KASSAB - Nunca foi investido
tanto em drenagem quanto na
nossa gestão. O que existe, no
caso específico da zona leste, é
uma região há muitos anos sendo ocupada irregularmente por
famílias desesperadas, que não
encontram outro lugar para
morar. E, pela primeira vez, o
poder público apresentou uma
solução, dois anos e meio atrás,
quando começamos a idealizar
o parque Várzeas do Tietê.
Nesse projeto, está prevista a
transferência dessas famílias
para moradias construídas pelo
poder público. Por conta da situação que se tornou crítica em
razão desse momento, nós antecipamos a transferência.
FOLHA - 2010 vai começar com aumento de ônibus, aumento de IPTU
e sem a restituição da taxa da inspeção veicular.
KASSAB - Em relação à tarifa de
ônibus, pela primeira vez depois de muitos anos nós tivemos três anos sem reajuste.
Mesmo com esse reajuste, ainda é uma tarifa que pode ser entendida como, comparativamente com outras cidades, bastante razoável.
Em relação ao IPTU, agora
foi corrigida uma distorção que
existia na cidade: a obrigação
de, de dois em dois anos, ser
atualizada a planta genérica.
O terceiro item que você falou é a inspeção veicular. O que
aconteceu foi uma resolução
nacional que torna obrigatória
a inspeção veicular para todo o
Brasil. A partir do momento em
que é obrigatório, é um custo
que você tem. Não tem sentido
dar algum incentivo, porque o
proprietário é obrigado.
FOLHA - O ano que vem será melhor financeiramente?
KASSAB - O ano que vem vai ser
um ano, do ponto de vista financeiro, melhor. Não podemos descartar a precaução nos
primeiros meses para que a
economia se consolide.
FOLHA - O sr. é acusado ser o prefeito ioiô, que testa, não dá certo,
muda. O sr. se sente mal com isso?
KASSAB - As críticas são muito
bem-vindas, porque felizmente
acredito na democracia. O ioiô
é uma maneira muito depreciativa de pessoas maldosas que
não entendem que quando se
apresenta um projeto, se apresenta para discutir. O Legislativo é feito para aperfeiçoar, discutir, debater.
FOLHA - E críticas da oposição?
KASSAB - Talvez porque eu saiba conviver até com a oposição.
Eles sabem que muito foi aproveitado até de críticas que eram
pertinentes, consistentes, e foram aproveitadas.
FOLHA - O sr. já foi oposição?
KASSAB - [Pausa de 5 seg.] Eu já
fui oposição, uma pessoa dissociada de muitos governos na
minha vida. Enquanto Legislativo, eu não fui oposição nas
circunstâncias em que ocupei
os meus cargos, mas já fui oposição, já trabalhei contra governos, já manifestei indignação.
FOLHA - O sr. defende a candidatura Aloysio Nunes para o governo?
KASSAB - As eleições do ano que
vem têm três pessoas muito
bem posicionadas para serem
candidatas, os três são secretários do Serra: o [Guilherme]
Afif Domingos [DEM, Emprego
e Relações do Trabalho], o Geraldo Alckmin [PSDB, Desenvolvimento] e o Aloysio Nunes
[Casa Civil]. Na hora certa, o
Serra, como líder da aliança, saberá promover entendimentos.
FOLHA - Mesmo com o Alckmin
disparado nas pesquisas?
KASSAB - Não sou nem a favor
nem contra o Alckmin. Todos
sabem a simpatia que eu tenho
pela candidatura do Aloysio.
Não foi governador, é uma pessoa experiente, uma pessoa séria, e a questão da pesquisa, nas
eleições municipais, foi a mesma coisa [Alckmin aparecia
muito à frente de Kassab]. Mas
não é por isso que eu vou ficar
contra o Alckmin. Acho que é
um direito a minha manifestação de simpatia e ela não destoa
da minha posição de respeitar e
de seguir o governador naquilo
que for definido por ele.
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