São Paulo, quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

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Ano foi bom, mas faltou dinheiro, diz Kassab

Prefeito faz avaliação positiva de 2009, apesar da crise na limpeza urbana, dos recuos e dos alagamentos constantes na cidade

Segundo ele, ano que vem será melhor do ponto de vista financeiro; haverá aumento do IPTU e das passagens de ônibus

EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar dos bairros alagados na zona leste, da crise financeira da prefeitura, do aumento da sujeira, do IPTU e da tarifa de ônibus e do fim da restituição da taxa da inspeção veicular, São Paulo vai terminar 2009 melhor que começou, diz o prefeito Gilberto Kassab (DEM). Em entrevista à Folha, Kassab afirma que faltou dinheiro neste ano, por isso, o crescimento da cidade foi menor que o esperado, mas que 2010 vai ser melhor, com uma situação financeira mais equilibrada. Leia abaixo trechos da entrevista, concedida ontem à tarde, em que ele critica quem o chama de prefeito ioiô e defende a candidatura de Aloysio Nunes (PSDB) ao governo paulista. A íntegra pode ser acessada em www.folha.com.br/0936312.

 

FOLHA - Em seu discurso de posse o sr. dizia que ia fazer de tudo para fazer a cidade de São Paulo melhor em 2009 que em 2008.
GILBERTO KASSAB - E está acabando melhor. Com certeza. Na saúde tivemos o aumento dos programas, novos parceiros para a rede. Na educação, a mesma coisa: novas escolas, novos CEUs em funcionamento, mais vagas em creche. A cidade está melhor. O trânsito melhorou. A Lei dos Fretados deu certo, a Cidade Limpa se consolidou, a inspeção veicular se consolidou, criamos mais parques. Melhorou. Vai falar: "Poxa vida, mas não foi o mesmo ritmo de crescimento". É, não foi, mas avançou de acordo com as possibilidades do nosso Orçamento.

FOLHA - A cidade encerra o ano com a imagem de ser suja e alagada.
KASSAB - A imagem é errada. A cidade não está suja. O tema da limpeza urbana quem levantou fui eu. Nós investimos em saúde R$ 3,6 bilhões e, em limpeza urbana, R$ 1,2 bilhão. Não é possível que numa cidade que não é rica, onde mais de 7 milhões de pessoas dependem dos serviços de saúde, você gaste apenas três vezes mais. Eu procuro sempre alertar a cidade que se deve tomar cuidado porque o lobby das empreiteiras é muito presente, e os usuários que dependem do sistema público de saúde não têm lobby.

FOLHA - E os bairros alagados?
KASSAB - Nunca foi investido tanto em drenagem quanto na nossa gestão. O que existe, no caso específico da zona leste, é uma região há muitos anos sendo ocupada irregularmente por famílias desesperadas, que não encontram outro lugar para morar. E, pela primeira vez, o poder público apresentou uma solução, dois anos e meio atrás, quando começamos a idealizar o parque Várzeas do Tietê. Nesse projeto, está prevista a transferência dessas famílias para moradias construídas pelo poder público. Por conta da situação que se tornou crítica em razão desse momento, nós antecipamos a transferência.

FOLHA - 2010 vai começar com aumento de ônibus, aumento de IPTU e sem a restituição da taxa da inspeção veicular.
KASSAB - Em relação à tarifa de ônibus, pela primeira vez depois de muitos anos nós tivemos três anos sem reajuste. Mesmo com esse reajuste, ainda é uma tarifa que pode ser entendida como, comparativamente com outras cidades, bastante razoável. Em relação ao IPTU, agora foi corrigida uma distorção que existia na cidade: a obrigação de, de dois em dois anos, ser atualizada a planta genérica. O terceiro item que você falou é a inspeção veicular. O que aconteceu foi uma resolução nacional que torna obrigatória a inspeção veicular para todo o Brasil. A partir do momento em que é obrigatório, é um custo que você tem. Não tem sentido dar algum incentivo, porque o proprietário é obrigado.

FOLHA - O ano que vem será melhor financeiramente?
KASSAB - O ano que vem vai ser um ano, do ponto de vista financeiro, melhor. Não podemos descartar a precaução nos primeiros meses para que a economia se consolide.

FOLHA - O sr. é acusado ser o prefeito ioiô, que testa, não dá certo, muda. O sr. se sente mal com isso?
KASSAB - As críticas são muito bem-vindas, porque felizmente acredito na democracia. O ioiô é uma maneira muito depreciativa de pessoas maldosas que não entendem que quando se apresenta um projeto, se apresenta para discutir. O Legislativo é feito para aperfeiçoar, discutir, debater.

FOLHA - E críticas da oposição?
KASSAB - Talvez porque eu saiba conviver até com a oposição. Eles sabem que muito foi aproveitado até de críticas que eram pertinentes, consistentes, e foram aproveitadas.

FOLHA - O sr. já foi oposição?
KASSAB - [Pausa de 5 seg.] Eu já fui oposição, uma pessoa dissociada de muitos governos na minha vida. Enquanto Legislativo, eu não fui oposição nas circunstâncias em que ocupei os meus cargos, mas já fui oposição, já trabalhei contra governos, já manifestei indignação.

FOLHA - O sr. defende a candidatura Aloysio Nunes para o governo?
KASSAB - As eleições do ano que vem têm três pessoas muito bem posicionadas para serem candidatas, os três são secretários do Serra: o [Guilherme] Afif Domingos [DEM, Emprego e Relações do Trabalho], o Geraldo Alckmin [PSDB, Desenvolvimento] e o Aloysio Nunes [Casa Civil]. Na hora certa, o Serra, como líder da aliança, saberá promover entendimentos.

FOLHA - Mesmo com o Alckmin disparado nas pesquisas?
KASSAB - Não sou nem a favor nem contra o Alckmin. Todos sabem a simpatia que eu tenho pela candidatura do Aloysio. Não foi governador, é uma pessoa experiente, uma pessoa séria, e a questão da pesquisa, nas eleições municipais, foi a mesma coisa [Alckmin aparecia muito à frente de Kassab]. Mas não é por isso que eu vou ficar contra o Alckmin. Acho que é um direito a minha manifestação de simpatia e ela não destoa da minha posição de respeitar e de seguir o governador naquilo que for definido por ele.


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