São Paulo, quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

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Moradores improvisam para fugir da água suja no Jardim Pantanal

Pontes dentro de casa e nas ruas são alternativas para enfrentar alagamento

DO "AGORA"

Com os recorrentes alagamentos dos últimos dias, os moradores do Jardim Romano, localizado numa região da zona leste conhecida como Pantanal, estão tendo que improvisar soluções para sair de casa sem ter que passar pela água contaminada dos alagamentos.
A faxineira Elisângela Maria do Nascimento, 29, usou a criatividade. Ela e o marido, o soldador Gilmar Santos Capianga, 34, fizeram uma ponte dentro da própria casa. "Nós temos que ir trabalhar, não dá para ficar faltando, o patrão não entende. Por isso meu marido fez essa ponte para a gente poder ir trabalhar", disse a faxineira.
A costureira Marleide Luz dos Santos Silva, 35, também teve que improvisar para poder sair de casa. "Pegamos quatro engradados de refrigerante emprestados de um bar aqui perto. Sem eles, temos que passar por essa água suja. Já fiquei uma semana doente. Não posso ficar de novo", afirmou Marleide.
Na rua Freguesia das Várzeas, a situação é semelhante. Os moradores improvisaram uma ponte para não passarem pela água ao atravessar a rua.
A balconista Angela Valeria Alves da Silva, 30, é uma das que mais sofrem com as águas. Seu filho, de 12 anos, tem paralisia cerebral e só anda de cadeira de rodas. "É impossível sair com ele nessa situação. Ainda bem que ele está de férias. Mas perdi duas consultas dele no médico porque não tive como sair daqui", lamentou.

Cobrança
Ontem, a Defensoria Pública do Estado de São Paulo divulgou nota na qual cobra informações da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e da Subprefeitura de São Miguel Paulista sobre os serviços recomendados por ela para que sejam garantidos os direitos à saúde e à moradia das famílias que sofrem com os alagamentos na região da várzea do Tietê.
Entre os serviços recomendados pela defensoria estão a manutenção das bombas de drenagem das águas pluviais em período integral e a limpeza das bocas de lobo, das galerias pluviais e dos córregos próximos ao Jardim Romano, Chácara Três Meninas, Vila das Flores, Jardim São Martinho, Vila Aimoré e Vila Itaim.
A defensoria deu um prazo de dez dias para que a gestão de Gilberto Kassab (DEM) se manifeste. Caso isso não ocorra, a defensoria irá propor uma ação judicial contra a prefeitura.
De acordo com a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado), 162 famílias já foram transferidas das áreas de alagamento para os conjuntos habitacionais de Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo. Ao todo, a CDHU ofereceu 340 moradias para as famílias atingidas pelas chuvas na região.


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