São Paulo, quarta-feira, 31 de janeiro de 2001

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ADMINISTRAÇÃO

Material, que, esticado, equivale a duas vezes a distância de São Paulo a Campinas, custou à Educação R$ 315 mil

Compra de 100 t de arame é investigada

Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
Arame em galpão da Secretaria da Educação, que investigará também a compra de 19 mil chapas de madeira para fabricar carteiras


DA REPORTAGEM LOCAL

A Secretaria Municipal da Educação está investigando a compra, finalizada em 29 de dezembro do ano passado, de cem toneladas de telas de arame. A aquisição teve custo total de R$ 315 mil.
De acordo com o diretor da divisão de prédios e equipamentos da secretaria, Antônio Batista, essa quantidade de telas mediria, se fosse esticada, quase 200 quilômetros. Esse comprimento representa mais do que o dobro da distância de São Paulo a Campinas, que é de 99 quilômetros.
"As compras foram feitas em quantidades absurdas. Seriam necessários três anos até utilizarmos todo o estoque. Não havia a necessidade de tanto", diz Batista.
Segundo o diretor, a secretaria conseguiu diminuir em 30% a compra das telas, reduzindo a quantidade para 70 toneladas. "Ainda assim, a quantidade é muito superior ao que seria utilizado neste ano", afirma o diretor.
Além das telas de arame, a secretaria já criou uma comissão de averiguação para levantar informações sobre a compra de 19 mil chapas de madeira que estão estocadas no galpão da secretaria.
Essas chapas seriam utilizadas para a construção de cadeiras para as escolas. "A gestão anterior já havia comprado cadeiras prontas para este ano letivo e ainda há em estoque assentos e mesas mais bem acabados para a montagem de móveis mais confortáveis", afirmou Antônio Carlos Machado, superintendente de educação da secretaria.
De acordo com Machado, a Secretaria da Educação estuda o uso para fins didáticos dessas madeiras, em oficinas para os alunos.

Tinta vencida
Em alguns casos, no entanto, não será possível aproveitar o material estocado. É o que acontecerá com aproximadamente 800 galões de tinta estocados no galpão. O prazo de validade dos produtos está vencido desde 1996.
Após o levantamento dessas informações, o secretário municipal da Educação, Fernando José de Almeida, pode abrir uma sindicância para apurar se houve mau uso do dinheiro público.
Nessa sindicância será apurado de quem é a responsabilidade pelas aquisições. Os responsáveis poderão ser convocados para dar explicações.


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