São Paulo, quarta-feira, 31 de janeiro de 2001

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ADMINISTRAÇÃO

Verba foi liberada em 96 e 97 para módulo investir em equipamentos e estrutura, mas nada foi feito com o dinheiro

Destino de R$ 13 mi do PAS é investigado

DA REPORTAGEM LOCAL

Entre 1996 e 1997, as quatro cooperativas que hoje formam o Módulo Central do extinto PAS receberam R$ 13 milhões da prefeitura para investir em equipamentos e estrutura. Até hoje, nenhum equipamento foi comprado e nenhuma obra foi feita.
Trata-se da primeira constatação dos interventores da Secretaria Municipal da Saúde que assumiram o comando do módulo na manhã de segunda-feira. A intervenção foi determinada pelo secretário Eduardo Jorge na sexta-feira depois de ser informado sobre denúncias de cobrança de propinas, atendimento precário e de uma dívida de R$ 91,7 milhões.
O Módulo Central compreende cinco hospitais, quatro pronto-socorros e 36 postos de saúde e centros de convivência. "Nenhum equipamento foi comprado e nenhuma obra foi feita nos últimos anos nesse módulo", diz Henrique Gonçalves, coordenador do sistema cooperativado. "Os poucos equipamentos novos foram alugados."
Ele suspeita que outros R$ 21 milhões destinados a financiamentos nos demais módulos também não foram empregados para esse fim. "Queremos saber onde foi parar o dinheiro."
Segundo ele, a secretaria não poderá iniciar as reformas e modernizações dos hospitais neste ano, pois não há dinheiro previsto para investimentos.
A dívida de R$ 91,7 milhões do Módulo Central com fornecedores, prestadores de serviços, taxas e impostos ainda aguarda definição. "Serão pagas as dívidas devidamente comprovadas. As outras serão cobradas, na Justiça, dos diretores das cooperativas e, se for o caso, dos cooperados."

Outro lado
Osiris Dall'Acqua, diretor do módulo agora sob intervenção, não foi encontrado ontem à noite. Antenor Braido, secretário de Comunicação Social da administração Celso Pitta, diz que o repasse da prefeitura ao PAS era destinado aos custeios -pagamento de pessoal e compra de remédios.
"O dinheiro para investimento viria dos repasses do SUS, dinheiro que nunca chegou." O Ministério da Saúde entendeu que o sistema cooperativado não se enquadrava no modelo do SUS e não fez os repasses.
Quanto ao destino dos R$ 13 milhões, Braido diz que a fiscalização exercida pela prefeitura sobre o modelo cooperado "tem limitações". "A legislação prevê autonomia das cooperativas e a prioridade sempre foi pagar funcionários e medicamentos."
(AURELIANO BIANCARELLI)


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