São Paulo, quarta-feira, 31 de janeiro de 2001

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Serra quer ação conjunta com a Bolívia para combater dengue

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA E

DA FOLHA RIBEIRÃO

O Ministério da Saúde irá propor ao governo da Bolívia uma ação conjunta de combate à dengue nas regiões de fronteira com o país. A idéia foi apresentada pelo ministro José Serra durante reunião do Conass (Conselho Nacional de Secretários da Saúde), ontem em Brasília.
Durante o encontro, Serra aproveitou para pedir mais empenho dos Estados e, principalmente, dos municípios, no combate à doença.
A maior crítica ficou para os prefeitos. "Nós tivemos surtos localizados claramente devido à frouxidão de alguns prefeitos, que abandonaram o serviço que devia ser feito", disse Serra.
O ministro citou Barretos, no interior de São Paulo, que já notificou mais de 500 casos, como exemplo. "Nós temos que nos resguardar desses ciclos eleitorais para preservar a saúde da população", afirmou Serra se referindo ao período da campanha eleitoral no ano passado.
O ministro chegou a dizer que os prefeitos "largaram o corpo" por causa das eleições.

Bolívia
Na avaliação do ministério, a epidemia de dengue na Bolívia fez com que o número de casos aumentasse no Brasil, principalmente no Acre.
"Sai mais barato para nós treinarmos o pessoal lá, ceder larvicidas do que esperar o mosquito nos atacar e combatê-lo aqui", disse Serra.
Em 1999, o Acre só registrou três casos da doença, todos "importados". Em 2000, foram confirmados 1.030. Este ano, já foram notificados 762 casos e 91 confirmados. "Nós estamos sendo punidos pela dificuldade que o país vizinho tem de controlar a dengue", disse a secretária de Saúde do Acre, Grace Rocha.

Outro lado
Para a secretária da Educação e Saúde de Barretos, Maria da Graça Oliveira Lemos, o ministro José Serra está criticando o caso por "achismo", já que não teria enviado técnicos à cidade para analisar a situação da epidemia de dengue.
Segundo ela, o ministro já esteve na cidade diversas vezes apoiando o candidato tucano à Prefeitura de Barretos, César Gontijo.
"É briga política (as acusações de descaso na campanha eleitoral). É válido ele apoiar quem ele quer, mas o que não pode é criticar. Ele (Serra) está equivocado. Isso é muito achismo", afirmou Maria da Graça à Folha.
Maria da Graça afirmou também que o trabalho de combate ao mosquito transmissor da doença feito durante a campanha eleitoral é o mesmo realizado atualmente. "Não há diferença nenhuma. É a mesma coisa."



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