São Paulo, sábado, 31 de janeiro de 2009

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Redução de homicídios é menor no interior de SP

Em 2008, índices de homicídios caíram 17,9% na capital e só 6,33% no interior

"Temos recebido muitos nordestinos nas plantações de cana-de-açúcar, o que altera a sistemática do interior", diz coronel Daniel Rodrigueiro

DA REPORTAGEM LOCAL

Os dados divulgados ontem pela Secretaria da Segurança Pública mostram que nos municípios do interior de São Paulo a velocidade na queda da criminalidade não acompanha o ritmo da capital paulista.
Em 2008, enquanto os índices de homicídios na cidade de São Paulo caíram 17,9%, no interior a queda foi de 6,33%.
Alguns crimes que tiveram menos registros na capital em 2008 chegaram até a crescer nas cidades do interior. É o caso do roubo a banco -34,5% a mais- e do furto de veículos -crescimento de 2,7%.
Diferentemente da Grande São Paulo e de cidades maiores, como Campinas, boa parte do interior ainda não conta com o Infocrim, um sistema de informações e mapeamento criminal que, segundo o governo, contribui na atuação da polícia.
Para o capitão Márcio da Silva, da Coordenadoria de Análise e Planejamento da secretaria, isso ajuda a explicar a diferença dos índices.
O governo promete equipar as cidades de até cem mil habitantes com tais mapas até o final de fevereiro. Fala em estendê-los a todos os municípios do Estado até dezembro.
O coronel Daniel Rodrigueiro, subcomandante-geral da PM, dá ainda outra explicação para a diferença. "Temos recebido muitos nordestinos nas plantações de cana-de-açúcar, o que altera a sistemática do interior." Questionado pela Folha se estava mesmo atribuindo a criminalidade à migração dos nordestinos, o coronel respondeu: "É uma das causas".

Acidentes de trânsito
O número de acidentes de trânsito com mortes caiu na capital e na Grande São Paulo, nos primeiros seis meses da lei seca, que começou no dia 19 de junho do ano passado. No interior, porém, o índice cresceu.
Ao longo do período, o total de acidentes com mortes na capital e nos 39 municípios da região metropolitana caiu 12% em relação aos primeiros seis meses de 2008. Já no interior, esse índice aumentou 10% no mesmo período. A Secretaria da Segurança Pública não divulga a quantidade de vítimas, mas só o total de acidentes.
A discrepância entre as regiões confirma tendência apontada pela Folha em reportagem publicada em dezembro: no interior, onde até então havia menos bafômetros e menos fiscalização, o impacto da lei seca foi menos perceptível.
Até dezembro, a Polícia Militar tinha 51 bafômetros na capital e 79 espalhados por rodovias do interior. Naquele mês, a PM comprou mais 470 bafômetros. Até o fechamento desta edição, porém, a PM não havia informado quantos foram entregues, nem para onde vão.
Para especialistas, a eficácia da lei seca está diretamente ligada à fiscalização.


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