São Paulo, sábado, 31 de janeiro de 2009

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Brasil vai à OMC contra retenção de remédio na Holanda

Carga de genéricos para hipertensão fabricados na Índia e comprados pelo Brasil foi retida no porto holandês de Roterdã

Brasil e Índia emitiram comunicado conjunto de protesto; retenção foi a pedido da Merck, que alega deter a patente da droga

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A DAVOS

O ministro Celso Amorim reclamou ontem duramente da retenção, no porto holandês de Roterdã, de uma carga de medicamentos genéricos para hipertensão, fabricados na Índia e destinados ao Brasil. "Não se pode tratar remédio como se trata narcotráfico", disparou.
O chanceler e seu colega indiano do Comércio, Kamal Nath, acertaram ontem denunciar o caso na Organização Mundial do Comércio. Primeiro haverá um pronunciamento político no Conselho Geral da OMC. Depois pode haver uma reclamação ao Órgão de Solução de Controvérsias.
O comunicado conjunto Brasil/Índia diz que a decisão holandesa representa "grave retrocesso para o princípio do acesso universal aos medicamentos" e contraria resolução da Comissão de Direitos Humanos "sobre o direito ao padrão mais elevado possível de saúde física e mental".
A Folha apurou que a reclamação à OMC deve-se não tanto ao episódio em si mas ao que está sendo considerado no Itamaraty "a gota d'água" em um processo contínuo dos países ricos de questionar uma suposta violação a direitos de propriedade intelectual.
Não por acaso, quem pediu a retenção dos remédios à Holanda foi a Merck, alegando que detém a patente naquele país.
A proteção patentária foi relativizada nas negociações de Doha da OMC, em 2001, conduzidas justamente por Amorim e pelo então ministro da Saúde, José Serra.
O que o Itamaraty identifica agora é uma tentativa de burlar a permissão para genéricos por ações em organismos que nada têm a ver com propriedade intelectual. Já houve outras tentativas até na Organização Mundial da Saúde, que não cuida de patentes. Tudo somado, chegou-se ao comunicado conjunto de ontem.


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