São Paulo, sábado, 31 de janeiro de 2009

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MARIA TEREZA AMATUCCI MAGALHÃES (1949-2009)

A bateria da Gaviões seguiu a contadora

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Maria Tereza Amatucci Magalhães entrou na igreja do Calvário no dia 31 de janeiro de 1974, vestida de noiva. Seis anos depois, estava viúva. O marido, em férias, perfurou o dedo durante a pescaria e morreu de septicemia. Ficaram-lhe para criar os dois filhos pequenos.
Contadora, em toda vida Tereza teve três trabalhos -todos em escritórios. Dava duro desde os 17 anos.
Depois de aposentada, não teve paciência para ficar em casa, parada. Recentemente, era funcionária de um escritório de projetistas de iluminação. A empresa era da segunda geração do primeiro escritório que a contratou.
Esperava o segundo neto para o começo de fevereiro.
Na sexta passada, após o expediente, ligou para a amiga Márcia e informou que a encontraria para, juntas, irem ao ensaio da Gaviões da Fiel.
Levava consigo uma roupinha de criança na bolsa, comprada naquele dia, no momento em que um ônibus a atropelou, na avenida Rebouças, zona oeste de São Paulo. Morreu aos 59 anos.
Pedia: "Não me deixem ser enterrada sem maquiagem, sem um batonzinho e sem a bateria da Gaviões", lembra a amiga. Foi enterrada no cemitério do Araçá ao som do surdo da bateria da escola de samba, da qual participava havia mais de 20 anos -era da velha guarda.
Hoje, às 10h, exatos 35 anos após ter se vestido de noiva, sua missa de sétimo dia será celebrada na mesma igreja do Calvário onde casou, em São Paulo.

obituario@grupofolha.com.br


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