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Filmes pornôs com alunos se proliferam no Pará
Os próprios jovens filmam
cenas, que trazem problemas
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
O aparecimento de um vídeo
de sexo protagonizado e gravado por adolescentes em um colégio público de Belém foi o estopim para o aparecimento de
ao menos outros seis "pornôs
escolares" no Pará.
Desde que essa gravação foi
divulgada na internet e foi alvo
de reportagens em outubro de
2009, a CPI na Assembleia Legislativa para investigar casos
de pedofilia passou a receber de
pais, professores e diretores
outras do mesmo tipo.
O deputado estadual Arnaldo
Jordy (PPS), relator da CPI,
não vê uma relação direta entre
as filmagens, mas disse que a
divulgação da que foi feita há
três meses pode ter incentivado outras denúncias. Todas
gravações recebidas foram encaminhadas à Polícia Civil.
Os filmes, feitos com câmeras de celulares e na maioria
por iniciativa ou anuência dos
próprios jovens, são exemplos
de um fenômeno que cresce no
mundo, o "sexting", anglicismo
que mistura "sex" (sexo) e "texting" (mensagens por celular).
O termo descreve o ato de se
filmar ou fotografar e enviar,
por celular ou pela internet,
imagens do próprio corpo em
poses sensuais -e que pode
acabar gerando problemas na
vida off-line de quem o pratica.
O vídeo de outubro é o exemplo típico dessa tendência. Os
adolescentes (uma jovem de 15
anos e dois de 17 anos) não tinham envolvimento afetivo.
Combinaram a gravação em
conversas na internet.
O resultado foi captado pelo
celular da própria menina, que
também transmitiu, ela mesma, o material para colegas, segundo a vice-diretora da escola
afirmou à Folha. À época, a
adolescente afirmou à diretora
ter sido coagida pelos dois rapazes a participar.
No dia seguinte, quase todos
os alunos do colégio já tinham
visto a cena. A menina foi hostilizada. Nenhum dos três assiste mais a aulas no prédio da
escola. Outros alunos que nada
tinham a ver com o vídeo passaram a ser xingados na rua. A
diretoria suspendeu, por um
mês, a obrigatoriedade do uso
do uniforme -para que os alunos não fossem identificados.
Para o psicólogo Rodrigo
Nejm, da ONG Safernet, a principal motivação para os jovens
fazerem os vídeos são necessidades inerentes à adolescência:
ferir a norma estabelecida e
conseguir status para se diferenciar. Para ele, "gravar e
transmitir as próprias imagens
supera o prazer do ato sexual".
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